sexta-feira, outubro 07, 2005

Jesus Cristo era um homem como outro ?

Com 33 anos, "Jesus Cristo era um homem como outro homem". Com "os traços físicos de um judeu, de olhos cinzentos e cabelos pretos e não loiro de olhos azuis", afirma o teólogo Joaquim Carreira das Neves. Os erros de representação da figura de Cristo são, na sua opinião, habituais porque "a Igreja se serviu dos seus pintores para o representarem à maneira ocidental, anglo-saxónica".
Pelo facto de não haver fotografias de Cristo, "não se sabe se era bonito ou feio", lembra Carreira das Neves. "A Bíblia não descreve fisicamente os seus heróis, mas sabemos que, por volta dos 30 anos, Jesus era um homem cheio de saúde", diz. No entanto, para adivinhar os seus traços físicos, "basta pensar num judeu e num árabe, porque entre um e outro encontram-se os traços que terá tido", explica.
Um dos erros mais frequentes na descrição da sua vida é, de acordo com o teólogo, "a ideia de que era pobre". Isto porque "Jesus vivia no seio de uma família de classe média", afirma. O seu pai, José, terá mesmo sido carpinteiro "Trabalhava a madeira, um material mais digno do que o ferro."
Da infância e da juventude de Jesus Cristo não há registos. "O que sabemos é aquilo que aconteceu depois de completar 27 anos", conta Carreira das Neves. "É um facto que foi baptizado e discípulo de São João Baptista, e que continuou a sua obra depois de este ter sido preso", diz Carreira das Neves."
Do que há certeza é de que foi crucificado", avança o teólogo. Porque "todos os crucificados eram malditos, ele era um maldito, amaldiçoado por causa da nossa maldição, para retirar de nós o pecado", explica.
De acordo com Carreira das Neves, é também certo que Jesus Cristo foi flagelado "Condenaram-no por ser blasfemo, porque perdoou pecados, porque fez milagres ao sábado e porque era contra a lei do divórcio." Na base da sua condenação esteve também "o facto de ter pregado o reino de Deus". Por isso, "não foi condenado por ser malfeitor", assegura.
Carreira das Neves condena "tanto romance e tanta ficção" à volta da figura de Cristo. Na sua opinião, livros como o Código Da Vinci têm sucesso porque há neles "um Jesus feito à imagem e semelhança das pessoas". Essa procura não faz sentido, pensa o teólogo, que tece duras críticas aos livros de Paulo Coelho - escritor brasileiro, autor de Brida e O Alquimista -, por considerar que "não têm dignidade e que as pessoas que o lêem estão demasiado voltadas para um Deus feminino".
Ficção é também, na sua opinião, "o que se diz por aí das viagens que Jesus Cristo terá feito e dos anos que terá vivido no Nepal ou na China". Segundo Carreira das Neves, "não temos fontes que nos garantam que estudou ciência mágica, como se diz".
Os dados biográficos que existem de Cristo são poucos "As cartas de São Paulo são um dos registos mais fiéis que temos, mas São Paulo não se interessou pela pessoa histórica de Jesus, mas pela sua obra." Por essa razão, "não conseguimos dizer com certeza se era bonito, feio, inteligente, ou como era o seu cabelo".
Para explicar às crianças a vida de Jesus Cristo "é preciso muita pedagogia", considera Carreira das Neves. Isto porque "habitualmente só lhes falamos de coisas bonitas, não se fala de sangue nem de morte", explica. Assim, "não é raro celebrar um baptismo em que uma criança de três anos foge de perto dos pais para ir ver a imagem de Cristo morto e perguntar "Quem fez mal a este senhor?", diz. Para o teólogo, "os pais devem recorrer à criatividade para lhes explicar a morte de Cristo".
in jn online de 07.10.05

Enfim coisas da vida ...

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