“Juliana de Norwich, mística inglesa, disse esta frase que me agrada muito: "Vejam com que gentileza, com que delicadeza Deus trata as suas criaturas." A Virgem Maria poderia ter dito "não" e tudo teria sido diferente. Mas Deus sabia muito bem e desde toda a eternidade, que ela daria o seu "sim", um "sim" totalmente livre. Deus usa para conosco a mesma gentileza, amabilidade e cortesia; Ele não insiste conosco e jamais nos força a fazer algo. Vós podeis dizer-lhe "não". Se esta negação não for um pecado, uma falta, vós não estareis caindo em pecado mortal e continuareis em estado de graça. Entretanto, vós estareis vos emancipando de uma aventura que teria sido maravilhosa. Isto é o que nos acontece constantemente. Esta será uma das dores do Purgatório se Deus, um dia, nos der acesso a este lugar de purificação das almas, por termos passado ao largo de tantos convites da Graça divina, doces como a brisa que Elias sente passar pela montanha, quando Deus deverá descer até ele." In Entrevistas sobre Maria - Cardeal Charles Journet Entretiens sur Marie - Edição Parole et Silence 2001
Este texto representa precisamente este caminhar que percorremos ao longo da nossa vida em busca da santidade (expoente máximo da comunhão divina). É lindíssama esta referência que a beata Juliana de Norwich faz relativamente ao sim de Maria e ao nosso sim diário. Mais tarde ou mais cedo acabamos por "ceder" e aí sim somos realmente felizes. Pessoalmente vou descobrindo cada vez mais a beleza da teologia de Maria, e a sua relação divina e salvífica com Deus. Realmente, só abrindo o nosso coração conseguiremos atingir um patamar de relação com Deus muito mais elevado e mais puro. É isto também que nos é pedido na Quaresma, que nos coloquemos à escuta de um Deus que nos bate constantemente à porta e que, respeitando a nossa liberdade individual, espera pacientemente que lha abramos, ou melhor que "escancaremos as portas a Cristo" vivo e ressuscitado.
Uma Santa e Feliz Quaresma.
texto publicado no Jornal Correio do Vouga
2 comentários:
Deus respeita a liberdade de cada um de nós, isso não duvido.
Não sei é se Ele sabe de antemão se nós vamos dizer sim ou não.
Gostei do artigo. Santa Pascoa
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