segunda-feira, novembro 28, 2005

Um questão de consciência ...

Sou casado, tenho um filho, um emprego estável, e muitas actividades associadas á Igreja, Catequese, Escuteiros, etc ...
Às vezes sinto dúvidas se não estarei a trocar alguns valores como estes que passo a publicar. Escrito por Èlio Fraga:

"O pai moderno, muitas vezes perplexo, aflito, angustiado, passa a vida inteira correndo atrás do futuro e se esquecendo do agora. Na luta para edificar este futuro, ele renuncia ao presente. Por isso, é um homem ocupado, sem tempo para os filhos, envolvido em mil actividades — tudo com o objectivo de garantir o seu amanhã. É com que prazer e orgulho, a cada ano, ele preenche sua declaração de bens para o Imposto de Renda. Cada nova linha acrescida foi produto de muito esforço, muito trabalho. Lote, casa, apartamento, — tudo isso custou dias, semanas, meses de luta. Mas ele está sedimentando o futuro da sua família. Se ele parte um dia, por qualquer motivo, já cumpriu sua missão e não vai deixar ninguém desamparado. E para ir escrevendo cada vez mais linhas na sua relação de bens, ele não se contenta com um emprego só — é preciso ter dois ou três; vender parte das férias, em vez de descansar junto à família; levar serviço para fazer em casa, em vez de ficar com os filhos; e é um tal de viajar, almoçar fora, discutir negócios, marcar reuniões, preencher a agenda — afinal, ele é um executivo dinâmico, faz parte do mundo competitivo, não pode fraquejar.
No entanto, esse homem se esquece de que a verdadeira declaração de bens, o valor mais alto, aquele que efectivamente conta, está em outra página do formulário do Imposto de Renda — mais precisamente, naquelas modestas linhas, quase escondidas, onde se lê “relação dos dependentes”. Aqueles que dependem dele, os filhos que ele colocou no mundo, e a quem deve dedicar o melhor de seu tempo. Os filhos são novos demais, não estão interessados em lotes, casas, salas para alugar, aumento da renda bruta — nada disso. Eles só querem um pai com quem possam conviver, dialogar, brincar.
Os anos vão passando, os meninos vão crescendo, e o pai nem percebe, porque se entregou de tal forma ao trabalho - vulgo construção do futuro - que não viveu com eles, não participou de suas pequenas alegrias, não os levou ou buscou no colégio, nunca foi a uma festa infantil, não teve tempo para assistir à coroação da menina — pois um executivo não deve desviar sua atenção para essas bobagens. São coisas de desocupados. Há filhos órfãos de pais vivos, porque estão “entregues” - o pai para um lado, a mãe para o outro, e a família desintegrada, sem amor, sem diálogo, sem convivência. E é esta convivência que solidifica a fraternidade entre os irmãos, abre seu coração, elimina problemas, resolve as coisas na base do entendimento.
Há irmãos crescendo como verdadeiros estranhos, porque correm de um lado para o outro o dia inteiro — ginástica, natação, judo, balé, aula de música, curso de Inglês, terapia, lição de piano, etc. — e só se encontram de passagem em casa, um chegando, o outro saindo. Não vivem juntos, não saem juntos, não conversam — e, para ver os pais, quase é preciso marcar hora.

Depois de uma dramática experiência pessoal e familiar vivida, a única mensagem que tenho para dar — e que tem sido repetida exaustivamente em paróquias, encontros familiares, movimentos e entidades — é esta: não há tempo melhor aplicado do que aquele destinado aos filhos. Dos 18 anos de casado, passei 15 anos correndo e trabalhando, absorvido por muitas tarefas, envolvido em várias ocupações, totalmente entregue a um objectivo único e prioritário: construir o futuro para três filhos e minha mulher. Isso me custou longos afastamentos de casa, viagens, estágios, cursos, plantões no jornal, madrugadas no estúdio da televisão, uma vida sempre agitada, atarefada, tormentosa, e apaixonante na dedicação à profissão escolhida — que foi, na verdade, mais importante do que minha família. E agora, aqui estou eu, de mãos cheias e de coração aberto, diante de todos vocês, que me conhecem muito bem. Aqui está o resultado de tanto esforço: construí o futuro, penosamente, e não sei o que fazer com ele, depois da perda do Luiz Otávio. De que valem casa, carros, sala, lote, e tudo o mais que foi possível juntar nesses anos todos de esforço, se ele não está mais aqui para aproveitar isso com a gente? Se o resultado de 30 anos de trabalho fosse consumido agora por um incêndio, e desses bens todos não restasse nada mais do que cinzas, isso não teria a menor importância, não ia provocar o menor abalo em nossa vida, porque a escala de valores mudou, e o dinheiro passou a ter um peso mínimo e relativo em tudo. Se o dinheiro não foi capaz de comprar a cura e a saúde de um filho amado, para que serve ele? Para que ser escravo dele? Eu trocaria — explodindo de felicidade — todas as linhas da declaração de bens por uma única linha que eu tive de retirar, do outro lado da folha: o nome do meu filho na relação dos dependentes. E como me doeu retirar essa linha, na declaração de 1983, ano-base de 82."


Enfim, coisas da vida ...

terça-feira, novembro 15, 2005

Uma refelxão séria

Este pequeno texto que li num blogue, deixou-me a pensar.
Não será este um dos grandes problemas da nossa Igreja actual?
Olharmos para fora e esquecermos como somos por dentro?


O mundo cá dentro
"Num tempo em que decorre em Lisboa a terceira sessão do Congresso Internacional para a Nova Evangelização, valeria a pena dirigir esse objectivo para os próprios cristãos. Pensar a evangelização como destinada à conversão do mundo descrente e como privilégio de cristãos cientes da imensidão da sua fé, é um tremendo equívoco. São os cristãos os primeiros a precisar de se reconverter permanentemente à radicalidade do Evangelho e a fazê-lo em diálogo com este mundo. Amando-o e não ensinando-o."
in
http://palombellarossa.blogspot.com/

Acho que vale a pena pensarmos e discutirmos esta temática que é tão importante e, em minha opinião, vital para o futuro da Igreja ...

Enfim, coisas da vida ...

segunda-feira, novembro 14, 2005

A força de Fátima

São impressionantes, para um católico, mas igualmente para qualquer outro cidadão de outra religião, ou ateu, ou simplesmente desatento, as imagens de fé que levaram, no sábado, centenas de milhares de pessoas a acompanhar a imagem de Nossa Senhora de Fátima pelas ruas de Lisboa.Não é vulgar, nem comum, em país algum, que uma procissão, numa capital despovoada, ao final da tarde, com um tempo pouco agradável, junte tantos fiéis, homens da Igreja, católi-cos serenos ou afastados das igrejas, e dos rituais domini-cais, para seguir com fé e evi-dente crença a manifestação que deu lugar à consagração da cidade a Nossa Senhora. E as imagens mostraram pessoas de todas as idades, jovens e idosos, classes distintas, raças diferen-tes, mas todos unidos pela mes-ma devoção. É bom que a Igre-ja, e as suas imagens, saiam dos seus redutos e locais de culto para se misturarem com os cidadãos comuns, anónimos, e que pela magnitude evidencia-da, não se reproduz, de nenhu-ma forma, no que se vê, diaria-mente ou aos domingos, nas missas rezadas nas dezenas de igrejas da capital. Foi inédito, grandioso, elevado e regenera-dor, particularmente num mo-mento do País e dos portugue-ses em que nada dá esperança, em que o futuro é uma incógni-ta e em que as dificuldades se avolumam. É nisto que a religião católica, como outras, noutras partes do mundo, se eleva e transforma as pessoas. Nossa Senhora de Fátima tem uma força popular explicável, e que todos os anos se renova no seu santuário, mas que desta vez desceu à capital e produziu o milagre de juntar mais fiéis do que, eventualmente, alguma vez se concentraram em Fátima. Portugal é um país católico, mas tímido nessa demonstração, no seu dia-a-dia, mas que aparece em momentos excepcionais e quando a grandeza da ocasião chama por si. No sábado, Lisboa foi um santuário improvisado, repleto, mostrando que tem uma fé inabalável na Igreja Católica Romana e na Mãe de Cristo. Calem-se, por um momento, os que achavam o contrário, e que no seu pessimismo agnóstico e militante tentavam reduzir a Igreja a um bastião ultrapassado e sem futuro. Lisboa católica provou estar viva e empenhada e com uma fé inabalável.
in http://dn.sapo.pt/2005/11/14/opiniao/a_forca_fatima.html

enfim, coisas da vida ...

quarta-feira, novembro 09, 2005

A FRASE

"É mais fácil encontrar alguém sem as mínimas condições de subsistência nos Estados Unidos do que na maior parte dos países da Europa. Em contrapartida, é muito mais fácil encontrar um desempregado na Europa do que nos Estados Unidos"
José Manuel Fernandes, PÚBLICO, 8-11-2005


Enfim, coisas da vida ...

terça-feira, novembro 08, 2005

frase do dia

"Aprendemos a voar como pássaros, e a nadar como peixes, mas não aprendemos a conviver como irmãos." Martin Luther King

enfim, coisas da vida ...

quarta-feira, outubro 19, 2005

Professor ateu

Um dia, na sala de aula, o professor estava explicando a teoria da evolução aos alunos.
Ele perguntou a um dos estudantes:
- Tomás, vês a árvore lá fora?
- Sim, respondeu o menino.
O Professor voltou a perguntar:
- Vês a Relva?
E o menino respondeu prontamente:- Sim.
Então o professor mandou Tomás sair da sala e lhe disse para olhar pra cima e ver se ele viu o céu.
Tomás entrou e disse:- Sim, professor, eu vi o céu.
- Viste a Deus? Perguntou o professor.
O menino respondeu que não.
O professor, olhando para os demais alunos disse:
-É disso que eu estou falando! Tomás não pode ver a Deus, porque Deus não está ali !Podemos concluir então que Deus não existe.
Nesse momento Pedrinho se levantou e pediu permissão ao professor para fazer mais algumas perguntas a Tomás.
- Tomás,vês a relva lá fora?
- Sim.
- Vês as árvores?
- Sim.
- Vês o céu?
- Sim.
- Vês o professor?
- Sim.
- Vês o cérebro dele?
- Não - disse Tomás.
Pedrinho então, dirigindo-se aos seus companheiros, disse:
- Colegas, de acordo com o que aprendemos hoje, concluímos que o professor não tem cérebro.

Enfim, coisas da vida ...

sexta-feira, outubro 14, 2005

Castro pide ayuda a la Iglesia para frenar la creciente «plaga» de abortos en Cuba


El cardenal Bertone revela los detalles de su largo encuentro con el dictador comunista el pasado martes

Es una noticia insólita que el cardenal Tarsicio Bertone ha revelado al diario «La Stampa»: Fidel Castro les ha pedido «ayuda para combatir la plaga de abortos, que es una de las causas de la crisis demográfica y una consecuencia del turismo sexual».

Roma- El cardenal visitó La Habana la semana pasada, acompañando a los dos obispos genoveses destinados por la Santa Sede para la diócesis de Santa Clara. Bertone aprovechó el viaje para entrevistarse con Castro, un encuentro que se produjo el 11 de octubre, se alargó por encima de las dos horas y se saldó con un intercambio de regalos. El purpurado portó una medalla de plata con el rostro de Juan Pablo II, regalo «oficial» de la Santa Sede para los jefes de Estado en los últimos tiempos. Castro correspondió a la ofrenda con una montaña de productos «Made in Cuba»: un centenar de cigarros puros, un cuadro de arte abstracto y una caja de botellas de ron.

Más apertura. Como impresión dominante, Bertone se trajo de Cuba el pesimismo de una nación que arrastra el escándalo del turismo sexual. «Es normal que Castro esté preocupado y yo me avergüenzo del comportamiento de algunos italianos en el extranjero». En la entrevista al diario «La Stampa», el purpurado aseguró que la Iglesia se ha ofrecido a colaborar para ayudar a la población y reconoció que al menos las libertades religiosas están mejorando. «Sobre el aborto y la baja natalidad, la Iglesia puede contribuir mucho en un país que a estas alturas está completamente abierto: un alto funcionario nos acogió en la puerta de la catedral y participó en la ceremonia. Han eliminado las cuotas de acceso al seminario, la ordenación de sacerdotes es libre, así como la elección de los fieles», explicó satisfecho. En su testimonio, Bertone describe a un Castro irreconocible, preocupado por los problemas de la Iglesia, por la salud de Benedicto XVI, por los avatares del Cónclave, un dictador que incluso «acogió en silencio mi bendición sobre su persona y el pueblo cubano». Además, el icono del comunismo caribeño habría dejado una sorprendente valoración de Benedicto XVI: «Es un Papa que me gusta. Una buena persona, algo que he entendido enseguida mirando su rostro, el rostro de un ángel». Castro habría pedido ante la delegación vaticana una visita del Papa a la isla, algo a lo que Bertone respondió haciendo hincapié en que el Pontífice tiene 78 años y limitará mucho los desplazamientos trasatlánticos. «El difunto Juan Pablo II tenía cincuenta y ocho años cuando inició su papado, pero este Pontífice tiene veinte más y son muchos quienes esperan su visita», explicó Bertone. En la Santa Sede se considera improbable que el Papa haga más de un viaje intercontinental por año.

Cal y arena. Por su parte, el purpurado llevó hasta Cuba nuevas señales de reconciliación entre la dictadura y la Santa Sede, cuyas relaciones diplomáticas cumplen setenta años en estas fechas. «Apreciamos la ayuda enviada a Venezuela a cambio de petróleo», explicó el cardenal, ofreciendo la dosis de arena que suele administrar la retórica vaticana para descargar después la pala de cal: «Lamentablemente, el cincuenta por ciento del turismo en la isla es sexual, una vergüenza. Ya va siendo hora de acabar con ella».

in La Razon de 14.10.2005

Este tópico serve para demonstrar aos meus amigos pró-aborto que a temática do aborto contráriamente aquilo que querem fazer passar não tem ligação directa com a Igreja. Ou seja, passa muito para além das questões religiosas, tem isso sim a ver com questões de ética e moral social / pessoal.
Serve ainda para verificarmos que não é uma luta esquerda / direita.

enfim, coisas da vida

sexta-feira, outubro 07, 2005

Jesus Cristo era um homem como outro ?

Com 33 anos, "Jesus Cristo era um homem como outro homem". Com "os traços físicos de um judeu, de olhos cinzentos e cabelos pretos e não loiro de olhos azuis", afirma o teólogo Joaquim Carreira das Neves. Os erros de representação da figura de Cristo são, na sua opinião, habituais porque "a Igreja se serviu dos seus pintores para o representarem à maneira ocidental, anglo-saxónica".
Pelo facto de não haver fotografias de Cristo, "não se sabe se era bonito ou feio", lembra Carreira das Neves. "A Bíblia não descreve fisicamente os seus heróis, mas sabemos que, por volta dos 30 anos, Jesus era um homem cheio de saúde", diz. No entanto, para adivinhar os seus traços físicos, "basta pensar num judeu e num árabe, porque entre um e outro encontram-se os traços que terá tido", explica.
Um dos erros mais frequentes na descrição da sua vida é, de acordo com o teólogo, "a ideia de que era pobre". Isto porque "Jesus vivia no seio de uma família de classe média", afirma. O seu pai, José, terá mesmo sido carpinteiro "Trabalhava a madeira, um material mais digno do que o ferro."
Da infância e da juventude de Jesus Cristo não há registos. "O que sabemos é aquilo que aconteceu depois de completar 27 anos", conta Carreira das Neves. "É um facto que foi baptizado e discípulo de São João Baptista, e que continuou a sua obra depois de este ter sido preso", diz Carreira das Neves."
Do que há certeza é de que foi crucificado", avança o teólogo. Porque "todos os crucificados eram malditos, ele era um maldito, amaldiçoado por causa da nossa maldição, para retirar de nós o pecado", explica.
De acordo com Carreira das Neves, é também certo que Jesus Cristo foi flagelado "Condenaram-no por ser blasfemo, porque perdoou pecados, porque fez milagres ao sábado e porque era contra a lei do divórcio." Na base da sua condenação esteve também "o facto de ter pregado o reino de Deus". Por isso, "não foi condenado por ser malfeitor", assegura.
Carreira das Neves condena "tanto romance e tanta ficção" à volta da figura de Cristo. Na sua opinião, livros como o Código Da Vinci têm sucesso porque há neles "um Jesus feito à imagem e semelhança das pessoas". Essa procura não faz sentido, pensa o teólogo, que tece duras críticas aos livros de Paulo Coelho - escritor brasileiro, autor de Brida e O Alquimista -, por considerar que "não têm dignidade e que as pessoas que o lêem estão demasiado voltadas para um Deus feminino".
Ficção é também, na sua opinião, "o que se diz por aí das viagens que Jesus Cristo terá feito e dos anos que terá vivido no Nepal ou na China". Segundo Carreira das Neves, "não temos fontes que nos garantam que estudou ciência mágica, como se diz".
Os dados biográficos que existem de Cristo são poucos "As cartas de São Paulo são um dos registos mais fiéis que temos, mas São Paulo não se interessou pela pessoa histórica de Jesus, mas pela sua obra." Por essa razão, "não conseguimos dizer com certeza se era bonito, feio, inteligente, ou como era o seu cabelo".
Para explicar às crianças a vida de Jesus Cristo "é preciso muita pedagogia", considera Carreira das Neves. Isto porque "habitualmente só lhes falamos de coisas bonitas, não se fala de sangue nem de morte", explica. Assim, "não é raro celebrar um baptismo em que uma criança de três anos foge de perto dos pais para ir ver a imagem de Cristo morto e perguntar "Quem fez mal a este senhor?", diz. Para o teólogo, "os pais devem recorrer à criatividade para lhes explicar a morte de Cristo".
in jn online de 07.10.05

Enfim coisas da vida ...

terça-feira, outubro 04, 2005

Onde está o aborto?

". No excesso de ruído que nos invade está instalada a confusão geral sobre o aborto. Desde as variáveis de nome para atenuar agressividades ou acentuar perspectivas ideológicas, passando por alterações no enfoque da duração do feto, início de vida, até à definição de vida humana, pessoa, licitude e descriminalização. E nada disto é simples nos envolvimentos filosóficos, biológicos, legais e humanos que acarreta, seja qual for a opinião de quem, em última análise, suporta as consequências últimas desta complexa teia: a mulher. Ou melhor, a vida inocente que em nada disto tem a palavra, como não teve na chamada à existência.Estamos perante uma situação humana que não pode flutuar ao vento dos humores e engenhos políticos circunstanciais que engrenam, com jogos de poder, estratégias de agenda política ou cartazes de comício. A vida humana é, em si, suficientemente sagrada para se preservar de gritarias e falácias, onde se diz mais o que convém dizer, do que aquilo que mais respeita a pessoa. Andámos, nos últimos tempos, com atabalhoamentos de calendário do Referendo sobre o aborto, sem o povo perceber se o que está em causa é o Presidente da República (este ou o próximo), o Governo, as oposições, o tapete político para exigir pronunciamentos que embaracem as próximas presidenciais (já suficientemente baralhadas), com uma pressa enervada em referendar o que o povo já referendou. (Se o povo tivesse dito sim ao aborto, quem se atreveria a exigir agora outro Referendo? Que aconteceu realmente de novo de então para cá, que vicie e anule a escolha popular que já foi feita?).Sem nada disto resolvido, uma outra questão (lebre?) se levantou: ”decidir o aborto em duas semanas”, como é titulado a quatro colunas na imprensa. E uma chuva de novas confusões cai sobre a opinião pública. A Ordem dos Médicos acha a medida do Governo “bem intencionada mas impraticável”. Outros ginecologistas e obstetras têm diferente opinião, chegando a dizer-se que “seria um escândalo haver médicos que de manhã são objectores de consciência nos hospitais públicos, e à tarde deixam de o ser nas clínicas privadas”. De que aborto estamos a falar? Já houve referendo e não notámos nada? Já está decidido o que “deve” ser? Já se legisla com presunção de vitória?De tudo isto, o mais grave é desordem à volta da palavra aborto - como se se tratasse duma ligeira indisposição digestiva após alguma refeição mais lauta.Estamos perante uma questão humana gravíssima – a vida - que se não pode envolver em desarrumações de consciências elásticas, acomodadas a todas as situações."
António Rego in http://www.agencia.ecclesia.pt/noticia.asp?noticiaid=23625

Acho que este assunto está de volta à ribalta, será para nos distraírmos todos à volta do aborto e esquecermos os problemas reais do país?
Não é que a questão do aborto, seja de menor importância, antes pelo contrário - deve ser dado o máximo interesse e estudo aprofundado - mas no entanto acho que o país atravessa uma crise profunda ao qual os nossos políticos se esquecem de debater e passar para a acção no terreno.

Enfim coisas da vida ...

De volta ao CyberEspaço

Depois de um período de interregno devido a questões laborais, às férias e aos estudos , venho retomar o meu / vosso blog.

Bem hajam ...

enfim coisas da vida

quinta-feira, maio 12, 2005

Pressão para PS mudar lei do aborto depois do referendo "ter abortado"

O PS já disse que, pelo menos para já, não vai desistir da ideia de realização de um novo referendo ao aborto (depois da consulta de 1998) e que só em último caso aceita pensar numa mudança da lei sem recurso a uma consulta aos portugueses. Mas há quem entenda que esse tal último caso já foi ultrapassado. É o caso do grupo de cerca de meia centena de cidadãos subscritores de um documento favorável à alteração imediata da lei pelos deputados, e que ontem foi dizer de sua justiça ao grupo parlamentar maioritário no Parlamento, o do PS. "Viemos manifestar ao PS a nossa preocupação pela situação em que se encontra o processo legislativo", afirmou o Procurador Geral Adjunto Eduardo Maia Costa aos jornalistas depois de se ter encontrado com Alberto Martins (presidente da bancada socialista), Sónia Fertuzinhos e Ana Catarina Mendes (duas das vice-presidentes).Maia Costa e a jornalista Diana Andringa, bem como a dirigente do Bloco de Esquerda Manuela Tavares, foram alguns dos representantes do grupo de cidadãos na reunião com os deputados socialistas, realizada ao início da tarde."O processo para a realização de um referendo está bloqueado. O Presidente da República [Jorge Sampaio] impediu a realização de um novo referendo este ano e para o ano que vem haverá novo Presidente da República, que não sabemos que posição vai tomar", adiantou Maia Costa. Recorde-se que de acordo com a Constituição e Lei do Referendo, cabe ao chefe de Estado a decisão final sobre a convocação de uma consulta popular.Assim sendo, "o que é preciso é resolver esta situação na Assembleia da República" e, dentro do Parlamento, cabe ao "grupo parlamentar do PS desbloquear a situação". "O processo do referendo ao aborto abortou e agora é preciso retomar o processo legislativo".Ou seja, defendeu Maia Costa, pegar na lei de despenalização da interrupção voluntária da gravidez até às dez semanas, já aprovada na generalidade pelos deputados, e aprová-la desde já em votação final global, de forma a tomar letra de lei. Sem que, como há sete anos, se recorra previamente a uma auscultação dos portugueses.Maia Costa disse que o grupo de cidadãos não pretende encontrar-se com mais nenhum grupo parlamentar, na tentativa de resolver o assunto. "O PCP e os Verdes já aderiram a esta posição e também o Bloco de Esquerda decidiu apoiar a via parlamentar". O documento apresentado aos socialistas é subscrito por nomes como os do sociólogo Boaventura Sousa Santos, a ex-deputada socialista e Bastonária da Ordem dos Arquitectos, Helena Roseta, o cientista Alexandre Quintanilha, a jornalista Paula Moura Pinheiro, a escritora Maria Teresa Horta e a pintora Paula Rego.O PS promete insistir no referendo a partir de 15 de Setembro."
in diário de notícias de 12 de Maio de 2005
Sinceramente não percebo o que é que falta ao PS para não tentar aprovar a liberalização da possibilidade das mulheres puderem matar os seus filhos, através de decreto de lei na assembleia da republica, se é isso mesmo que eles pretendem.
Acho uma falta de coerência a tentativa de enganar o povo com um suposto referendo, sendo que a vontade do partido (ou pelo menos de algumas mentes brilhantes do partido) é a liberalização da morte assistida para os filhos que estão no ventre materno.
Tenham coragem e assumam-se não se escondam atrás de falsos moralismos, senhores socialistas.
Tendo certo que depois da lei aprovada, o vosso objectivo atingiu o fim, e nunca mais haverão mães a sofrerem por causa de terem engravidado, nunca mais haverá abortos clandestinos e nem morrerão mulheres por causa essa mesma causa, nunca mais as meninas de 15/17 anos terão filhos nem sofrerão por os terem morto!
Será atingida a perfeição e os problemas relacionados com a maternidade/paternidade responsável nunca mais ocorrerão neste país à beira mar plantado.
Enfim, coisas da vida ... (muito tristes por sinal)

quarta-feira, maio 11, 2005

PCP abstém-se em estudo do aborto

"O PCP foi a única força política que se absteve na votação sobre se o Parlamento deveria ou não avançar com um estudo sobre a realidade do aborto em Portugal. Uma iniciativa que está para avançar desde 2002, e que ontem finalmente foi aprovada, com os votos favoráveis dos deputados do PS, PSD, CDS/PP e Bloco de Esquerda, na Comissão Parlamentar de Saúde, presidida pelo deputado Rui Cunha (PS).No rápido debate que antecedeu a votação, Manuel Pizarro, deputado do PS, disse ser o seu partido "favorável a que o estudo seja prosseguido", lembrando que essa mesma decisão já tinha sido tomada. Na anterior Legislatura a iniciativa acabou por não tomar forma devido à dissolução do Parlamento e realização de eleições antecipadas.Pelo PSD, Carlos Miranda defendeu "não só que o estudo seja realizado, mas que o seja no mais curto espaço de tempo possível". Também Teresa Caeiro, do CDS/PP pediu que a investigação seja realizada "com a maior celeridade possível", apontando a necessidade de acompanhamento permanente do assunto pelos deputados da Comissão de Saúde. Também Ana Drago, do Bloco de Esquerda, considerou "urgentíssima" a realização do estudo, lembrando que já foi aprovado "em Setembro de 2002", sem que ainda esteja feito. Sem argumentar, Bernardino Soares, líder da bancada comunista, limitou-se a anunciar a abstenção do seu partido nesta matéria.Rui Cunha lembrou que as verbas já estão orçamentadas (80 mil contos), e que agora cabe ao presidente do Parlamento, Jaime Gama, dar sequência ao processo, abrindo um concurso público."

E a saga continua. Agora esperemos que essa tal equipa de trabalho, consiga na realidade tirar a fotocópia da sociedade portuguesa relativamente a esta problemática e que de uma vez por todas não se escondam por detrás de pseudo-estatísticas que na sua maioria são forjadas.
Claro está que, os elementos que formarão a tal equipa em muito vai influênciar os resultados. Vamos esperar e ver.

Enfim coisas da vida ...
Lilypie First Birthday tickers Lilypie