quarta-feira, outubro 11, 2006

O MUNDO PERFEITO DO "PAI" DA ANITA

É bonito mesmo nos dias de hoje existirem vozes contra a corrente aparentemente natural do "tudo vale". Obviamente que me refiro ao destaque dado por mim ao artigo que transcrevo, da suposta pretensão de uns iluminados de quererem que até a Anita seja filha de pais divorciados, mas a resposta do autor é clara e muito natural: - "como é possível se eu sou casado à mais de 50 anos e continuamos a dar-nos bem", são exemplos destes que a sociedade actual necessita, que nem tudo vai mal e que acima de tudo a família é um bem necessário, insubstituível e que existem pessoas felizes casadas à mais de 50 anos. Por muito que pretendam uniformizar os "novos tipos de família", que existem e não podem ser rejeitados nem olhados de lado, a família natural é a de pai, mãe e filhos.
Porque se cada vez mais conseguirmos "formatar" as mentalidades das crianças em particular e da sociedade em geral para o divórcio, promiscuidade, etc. onde é que iremos parar ? que sociedade estaremos a construir? baseada em que modelos, valores, ideias? - do tudo vale?

Será que a familia ainda é a "célula básica da sociedade"?
Sinceramente espero que sim e rezo a Deus para que isso assim continue.



"É um dos grandes clássicos da literatura infantil: a colecção da Anita vendeu mais de 80 milhões de livros em todo o mundo e está traduzida em dezenas de línguas. O seu desenhador, Marcel Marlier, veio a Portugal celebrar os 50 anos da sua menina exemplar. Por Alexandra Prado Coelho

Passaram-se já 52 anos desde que Marcel Marlier desenhou pela primeira vez a Anita - ele, que é belga, chama-lhe Martine. Em 50 anos muita coisa mudou: houve países que nasceram, outros que desapareceram, o Muro de Berlim caiu, o comunismo acabou, a televisão tornou-se um objecto banal, apareceu a Internet, surgiu a União Europeia, os islamistas radicais atacaram os EUA. Enfim, muito mudou. Mas a Anita? Atravessou as décadas, com o seu cão Pantufa, o seu irmão, os amigos, um universo feliz e perfeito. E vendeu milhões - mais de 80 milhões de exemplares em todo o mundo, e mais de 12 milhões só em Portugal. A verdade é que pequenas coisas mudaram nela, o corte de cabelo, às vezes os traços do rosto (sobretudo se compararmos com os primeiros álbuns), a idade, que pode oscilar entre os cinco e os sete anos, mas na essência, Anita continua a ser "uma criança que é gentil, que tenta fazer as coisas bem", tal como Marlier a imaginou há 50 anos. E continua a ter o rosto da menina que trabalhava na loja do outro lado da rua quando o desenhador tinha dez ou 12 anos, e que lhe fazia bater o coração mais depressa. "Não lhe dizia que a amava, claro, porque naquele tempo não era como agora. Não teria ousado tocar-lhe, era como uma santa. Foi esse rosto que me ficou e quando tive que fazer a Anita foi esse rosto que me veio. Queria que fosse uma rapariga gentil e calorosa, que respeitasse os outros. Parecia-me o rosto que melhor representava isso", conta Marlier. Mudanças, mas poucas Durante todos estes anos, Anita - ou Martinka, ou Lilli, ou Martita ou Mariona, conforme os países - aprendeu a nadar, andou na escola de vela, foi ao jardim zoológico, perdeu o cão, passou férias com os avós, foi baby-sitter, esteve doente, aprendeu culinária, ballet, desenho, ajudou a mãe. Marlier, e Gibert Delahaye, criador original da personagem e autor dos textos até à sua morte, em 1997 (hoje é Jean-Louis Marlier, filho do ilustrador, que escreve os textos), chegaram a ser criticados por álbuns como Anita na Cozinha. "Diziam que estávamos a defender que as mulheres deviam ficar em casa", recorda Marlier. Mas, ao mesmo tempo, ela aprende coisas como vela ou equitação, e parece fazer sempre tudo bem. Marlier fez algumas cedências à evolução dos tempos. Os vestidos muito curtos e lenços na cabeça de um primeiro álbum como Anita na Quinta (1954) foram substituídos por roupas mais modernas. Mas o desenhador acredita que, na essência, as crianças não mudaram, apesar do ambiente em redor. "Infelizmente, hoje deixam-se influenciar muito pela televisão e querem coisas absurdas, como calças de ganga já gastas ou rasgadas. Nas emissões de variedades, as raparigas são todas iguais, com cabelos iguais, aplaudem todas ao mesmo tempo, isso irrita-me porque é tudo formatado." No entanto, "há no homem uma certa gentileza e simpatia em relação aos outros" e é isso que cria a empatia com o universo da Anita, acredita Marlier. Ao princípio era apenas uma personagem como outras, mais um álbum para ilustrar. O êxito só aconteceu ao fim de dois ou três álbuns, e Marlier demorou a aperceber-se da dimensão do fenómeno. Mas lembra-se que uma das primeiras cartas que recebeu foi de uma portuguesa, a elogiar a "perfeição quase divina" do seu traço. Ficou-lhe na memória, tal como outra carta, muito mais recente, de uma menina que escreveu à Anita: "Tenho uma doença de pele, ninguém gosta de mim, mas tu és minha amiga e estás sempre comigo." Inspirado pela própria família - primeiro os filhos, agora os netos - Marlier não planeia introduzir problemas na vida de Anita. "Pedem-me muitas vezes para que os pais dela se divorciem. Mas eu sou casado há mais de 50 anos com a minha mulher e continuamos a dar-nos bem. Fomos sempre uma família unida. Nunca houve com os meus filhos conflitos de gerações, nem na adolescência. Não tenho vontade de fazer divorciar os pais da Anita. Não é o nosso mundo." Também não é provável que a Anita passe dos sete, no máximo oito anos. "Não conheço o mundo das jovens, até porque com a televisão, a moda, e tudo isso as jovens correm o risco de se tornarem artificiais. Não me aventuro nesse mundo, deixo isso para outros." O novo álbum, que acaba de ser lançado em Portugal, chama-se Anita e os Fantasmas. E até ao dia 15 está no Centro Comercial Colombo uma exposição sobre os 50 anos da personagem. A Anita não mudou - e não mudará."
11.10.2006 - in jornal publico
Enfim, coisas da vida ...

6 comentários:

Paulo disse...

Era um mundo melhor esse o da Anita, não me atrevo a chamar de utópico mas, era melhor naquela época em que ela nasceu. Não que agora não existam coisas boas, que as há mas, cada vez o que não presta o que é mau, é de é "normal"

Fernando Cassola disse...

Antes de mais, obrigada pelo teu precioso contributo.
Olá Paulo, sinceramente não concordo com essa ideia nostálgica de que "antigamente é que era bom". Tudo tem o seu tempo (como nos diz o livro do Eclesiastes Cap. 3). No nosso tempo que é o de agora, as coisas apesar de diferentes são muito boas, porque Deus as criou para que a pessoa humana seja feliz. Só temos de lutar contra a "corrente instalada" e "tornar o mundo um pouco melhor do que o encontramos" (Baden Powell).

Anónimo disse...

O teu texto deixou-me um sorriso e sobretudo a pensar. Coisa rara. O que interessa é que, sendo os tempos outros ou não, que as crianças que leiam a Anita entendam que sentem vontade de ser como ela, o ser gentil, o viver feliz,o seguir o exemplo.. porque não? A mim, quando era chavalita também me fez sonhar. Se fizessem uma história em que os pais se divorciassem não seria de todo um choque mas talvez alguma realidade, porque é o que existe mesmo: milheres de crianças têm pais divorciados e vá se lá saber como é o seu universo. Nem tentando entrar no coração das mesmas o entenderiamos. A Anita... quem sabe? Podiam sentir que afinal não estão sós...

Paulo disse...

Meu amigo, quando digo "era um mundo melhor" não é como nostalgia, mas sim, naquela altura era mais simples a vida. Obviamente que daqui a 20 anos as coisas estarão diferentes deste tempo, e como diz e bem, tudo "tem o seu tempo" e continuará a haver coisas boas, é claro, mas os remos têm que ser mais fortes dos que os de então.

RPM disse...

coisas de gente moderna, sem o ser....apenas isso!!!

quando alguém começa a invadir o nosso espaço de liberdade, começamos a perder....seria o caso!

ainda bem que o autor da Anita respondeu dessa maneira!!! Para bem de todos e da Anita

abraço amigo

RPM

O melhor dos blogues disse...

Boa noite.
Gostei e coloquei em "O melhor dos blogues".

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