Estranhamente à época festiva em que nos encontramos, andei mal disposto durante todo este dia para tentar digerir uma notícia que me acordou nesta manhã chuvosa de sábado, 30 de Dezembro de 2006, véspera de "revellion".
Perguntam-se os meus prezados leitores, qual terá sido? Pois, com a quantidade de factos noticiosos que surgem em catadupa durante um noticiário, poderia ser quase qualquer notícia. Mas não, foi uma daquelas com que se abrem os noticiários, foi exactamente essa, a morte por enforcamento do ex-líder Iraquiano, Saddam Hussein. Sinceramente o meu coração ficou mais apertado, mais triste e muito, mas muito mais dorido. Podem perguntar-se porquê. Porque é que fiquei assim, dado que até morreu um dos maiores sanguinários do mundo, um dos maiores ditadores, um homem sem sentimentos? Porque penso ninguém tem o direito de tirar a vida a outro, independentemente das razões que possam existir serem muito fortes e graves. Não se corrige um erro cometendo outro erro. Porque em pleno século XXI já não deveria existir a pena de morte, uma acção que considero ser de uma brutalidade, de uma barbaridade e de uma injustiça plena.
Por mais estranho que possa parecer, acontece precisamente num dia em que no Iraque era feriado nacional, precisamente um dia santo para os muçulmanos. Dia em que celebram o Eid al-Adha, festa do sacrifício. Festa esta que coincide com o final da peregrinação anual à cidade sagrada saudita de Meca, que tem inicio 3 dias antes e onde os muçulmanos se apresentam com o importantíssimo e rico grito “Labbayk Allahumma Labbayk” ("Aqui estou, Senhor!"). Durante este tempo dedicam-se dia e noite à meditação, oração e recolhimento dando as famosas sete voltas ao redor da Caaba, um monumento cúbico construído por Abraão, segundo a tradição islâmica. Monumento este que tradicionalmente os muçulmanos de todo o mundo dirigem as suas cinco preces diárias.
Então esta festa do sacrifício, representa precisamente o sacrifício de Abraão, que obedeceu integralmente à vontade de Deus e ofereceu o seu filho próprio filho a Deus.
Mas voltando ao assunto e deixando um pouco de história para trás, considero que foi precisamente este grito que Saddam proferiu no seu mais intimo “Labbayk Allahumma Labbayk” – “aqui estou, Senhor”! Em Ti e a Ti entrego tudo o que tenho, tudo o que fiz e tudo aquilo que fui, só Tu me podes e deves julgar e só Tu és o Senhor.
Com o decorrer do dia, ao ir “meditando” no assunto tive que parar um pouco e pedir perdão a Deus em meu nome e em nome da humanidade por ter sido cometido mais um facto tão grave e que atenta à Sua lei. Como é possível num mundo onde temos tecnologia do mais alto nível, onde estamos tão avançados em termos científicos estarmos tão atrasados ao nível dos valores éticos e morais. Sendo que o respeito pela vida humana, é o primordial e o mais básico que possa existir!
Concluindo, não posso deixar de repudiar tais actos bárbaros e típicos de épocas medievais e sentir-me envergonhado por fazer parte deste mundo, tão cruel e tão pouco humano.
Já agora, um Feliz Ano de 2007.
Enfim, coisas da vida…
Sem comentários:
Enviar um comentário