sexta-feira, outubro 14, 2005

Castro pide ayuda a la Iglesia para frenar la creciente «plaga» de abortos en Cuba


El cardenal Bertone revela los detalles de su largo encuentro con el dictador comunista el pasado martes

Es una noticia insólita que el cardenal Tarsicio Bertone ha revelado al diario «La Stampa»: Fidel Castro les ha pedido «ayuda para combatir la plaga de abortos, que es una de las causas de la crisis demográfica y una consecuencia del turismo sexual».

Roma- El cardenal visitó La Habana la semana pasada, acompañando a los dos obispos genoveses destinados por la Santa Sede para la diócesis de Santa Clara. Bertone aprovechó el viaje para entrevistarse con Castro, un encuentro que se produjo el 11 de octubre, se alargó por encima de las dos horas y se saldó con un intercambio de regalos. El purpurado portó una medalla de plata con el rostro de Juan Pablo II, regalo «oficial» de la Santa Sede para los jefes de Estado en los últimos tiempos. Castro correspondió a la ofrenda con una montaña de productos «Made in Cuba»: un centenar de cigarros puros, un cuadro de arte abstracto y una caja de botellas de ron.

Más apertura. Como impresión dominante, Bertone se trajo de Cuba el pesimismo de una nación que arrastra el escándalo del turismo sexual. «Es normal que Castro esté preocupado y yo me avergüenzo del comportamiento de algunos italianos en el extranjero». En la entrevista al diario «La Stampa», el purpurado aseguró que la Iglesia se ha ofrecido a colaborar para ayudar a la población y reconoció que al menos las libertades religiosas están mejorando. «Sobre el aborto y la baja natalidad, la Iglesia puede contribuir mucho en un país que a estas alturas está completamente abierto: un alto funcionario nos acogió en la puerta de la catedral y participó en la ceremonia. Han eliminado las cuotas de acceso al seminario, la ordenación de sacerdotes es libre, así como la elección de los fieles», explicó satisfecho. En su testimonio, Bertone describe a un Castro irreconocible, preocupado por los problemas de la Iglesia, por la salud de Benedicto XVI, por los avatares del Cónclave, un dictador que incluso «acogió en silencio mi bendición sobre su persona y el pueblo cubano». Además, el icono del comunismo caribeño habría dejado una sorprendente valoración de Benedicto XVI: «Es un Papa que me gusta. Una buena persona, algo que he entendido enseguida mirando su rostro, el rostro de un ángel». Castro habría pedido ante la delegación vaticana una visita del Papa a la isla, algo a lo que Bertone respondió haciendo hincapié en que el Pontífice tiene 78 años y limitará mucho los desplazamientos trasatlánticos. «El difunto Juan Pablo II tenía cincuenta y ocho años cuando inició su papado, pero este Pontífice tiene veinte más y son muchos quienes esperan su visita», explicó Bertone. En la Santa Sede se considera improbable que el Papa haga más de un viaje intercontinental por año.

Cal y arena. Por su parte, el purpurado llevó hasta Cuba nuevas señales de reconciliación entre la dictadura y la Santa Sede, cuyas relaciones diplomáticas cumplen setenta años en estas fechas. «Apreciamos la ayuda enviada a Venezuela a cambio de petróleo», explicó el cardenal, ofreciendo la dosis de arena que suele administrar la retórica vaticana para descargar después la pala de cal: «Lamentablemente, el cincuenta por ciento del turismo en la isla es sexual, una vergüenza. Ya va siendo hora de acabar con ella».

in La Razon de 14.10.2005

Este tópico serve para demonstrar aos meus amigos pró-aborto que a temática do aborto contráriamente aquilo que querem fazer passar não tem ligação directa com a Igreja. Ou seja, passa muito para além das questões religiosas, tem isso sim a ver com questões de ética e moral social / pessoal.
Serve ainda para verificarmos que não é uma luta esquerda / direita.

enfim, coisas da vida

sexta-feira, outubro 07, 2005

Jesus Cristo era um homem como outro ?

Com 33 anos, "Jesus Cristo era um homem como outro homem". Com "os traços físicos de um judeu, de olhos cinzentos e cabelos pretos e não loiro de olhos azuis", afirma o teólogo Joaquim Carreira das Neves. Os erros de representação da figura de Cristo são, na sua opinião, habituais porque "a Igreja se serviu dos seus pintores para o representarem à maneira ocidental, anglo-saxónica".
Pelo facto de não haver fotografias de Cristo, "não se sabe se era bonito ou feio", lembra Carreira das Neves. "A Bíblia não descreve fisicamente os seus heróis, mas sabemos que, por volta dos 30 anos, Jesus era um homem cheio de saúde", diz. No entanto, para adivinhar os seus traços físicos, "basta pensar num judeu e num árabe, porque entre um e outro encontram-se os traços que terá tido", explica.
Um dos erros mais frequentes na descrição da sua vida é, de acordo com o teólogo, "a ideia de que era pobre". Isto porque "Jesus vivia no seio de uma família de classe média", afirma. O seu pai, José, terá mesmo sido carpinteiro "Trabalhava a madeira, um material mais digno do que o ferro."
Da infância e da juventude de Jesus Cristo não há registos. "O que sabemos é aquilo que aconteceu depois de completar 27 anos", conta Carreira das Neves. "É um facto que foi baptizado e discípulo de São João Baptista, e que continuou a sua obra depois de este ter sido preso", diz Carreira das Neves."
Do que há certeza é de que foi crucificado", avança o teólogo. Porque "todos os crucificados eram malditos, ele era um maldito, amaldiçoado por causa da nossa maldição, para retirar de nós o pecado", explica.
De acordo com Carreira das Neves, é também certo que Jesus Cristo foi flagelado "Condenaram-no por ser blasfemo, porque perdoou pecados, porque fez milagres ao sábado e porque era contra a lei do divórcio." Na base da sua condenação esteve também "o facto de ter pregado o reino de Deus". Por isso, "não foi condenado por ser malfeitor", assegura.
Carreira das Neves condena "tanto romance e tanta ficção" à volta da figura de Cristo. Na sua opinião, livros como o Código Da Vinci têm sucesso porque há neles "um Jesus feito à imagem e semelhança das pessoas". Essa procura não faz sentido, pensa o teólogo, que tece duras críticas aos livros de Paulo Coelho - escritor brasileiro, autor de Brida e O Alquimista -, por considerar que "não têm dignidade e que as pessoas que o lêem estão demasiado voltadas para um Deus feminino".
Ficção é também, na sua opinião, "o que se diz por aí das viagens que Jesus Cristo terá feito e dos anos que terá vivido no Nepal ou na China". Segundo Carreira das Neves, "não temos fontes que nos garantam que estudou ciência mágica, como se diz".
Os dados biográficos que existem de Cristo são poucos "As cartas de São Paulo são um dos registos mais fiéis que temos, mas São Paulo não se interessou pela pessoa histórica de Jesus, mas pela sua obra." Por essa razão, "não conseguimos dizer com certeza se era bonito, feio, inteligente, ou como era o seu cabelo".
Para explicar às crianças a vida de Jesus Cristo "é preciso muita pedagogia", considera Carreira das Neves. Isto porque "habitualmente só lhes falamos de coisas bonitas, não se fala de sangue nem de morte", explica. Assim, "não é raro celebrar um baptismo em que uma criança de três anos foge de perto dos pais para ir ver a imagem de Cristo morto e perguntar "Quem fez mal a este senhor?", diz. Para o teólogo, "os pais devem recorrer à criatividade para lhes explicar a morte de Cristo".
in jn online de 07.10.05

Enfim coisas da vida ...

terça-feira, outubro 04, 2005

Onde está o aborto?

". No excesso de ruído que nos invade está instalada a confusão geral sobre o aborto. Desde as variáveis de nome para atenuar agressividades ou acentuar perspectivas ideológicas, passando por alterações no enfoque da duração do feto, início de vida, até à definição de vida humana, pessoa, licitude e descriminalização. E nada disto é simples nos envolvimentos filosóficos, biológicos, legais e humanos que acarreta, seja qual for a opinião de quem, em última análise, suporta as consequências últimas desta complexa teia: a mulher. Ou melhor, a vida inocente que em nada disto tem a palavra, como não teve na chamada à existência.Estamos perante uma situação humana que não pode flutuar ao vento dos humores e engenhos políticos circunstanciais que engrenam, com jogos de poder, estratégias de agenda política ou cartazes de comício. A vida humana é, em si, suficientemente sagrada para se preservar de gritarias e falácias, onde se diz mais o que convém dizer, do que aquilo que mais respeita a pessoa. Andámos, nos últimos tempos, com atabalhoamentos de calendário do Referendo sobre o aborto, sem o povo perceber se o que está em causa é o Presidente da República (este ou o próximo), o Governo, as oposições, o tapete político para exigir pronunciamentos que embaracem as próximas presidenciais (já suficientemente baralhadas), com uma pressa enervada em referendar o que o povo já referendou. (Se o povo tivesse dito sim ao aborto, quem se atreveria a exigir agora outro Referendo? Que aconteceu realmente de novo de então para cá, que vicie e anule a escolha popular que já foi feita?).Sem nada disto resolvido, uma outra questão (lebre?) se levantou: ”decidir o aborto em duas semanas”, como é titulado a quatro colunas na imprensa. E uma chuva de novas confusões cai sobre a opinião pública. A Ordem dos Médicos acha a medida do Governo “bem intencionada mas impraticável”. Outros ginecologistas e obstetras têm diferente opinião, chegando a dizer-se que “seria um escândalo haver médicos que de manhã são objectores de consciência nos hospitais públicos, e à tarde deixam de o ser nas clínicas privadas”. De que aborto estamos a falar? Já houve referendo e não notámos nada? Já está decidido o que “deve” ser? Já se legisla com presunção de vitória?De tudo isto, o mais grave é desordem à volta da palavra aborto - como se se tratasse duma ligeira indisposição digestiva após alguma refeição mais lauta.Estamos perante uma questão humana gravíssima – a vida - que se não pode envolver em desarrumações de consciências elásticas, acomodadas a todas as situações."
António Rego in http://www.agencia.ecclesia.pt/noticia.asp?noticiaid=23625

Acho que este assunto está de volta à ribalta, será para nos distraírmos todos à volta do aborto e esquecermos os problemas reais do país?
Não é que a questão do aborto, seja de menor importância, antes pelo contrário - deve ser dado o máximo interesse e estudo aprofundado - mas no entanto acho que o país atravessa uma crise profunda ao qual os nossos políticos se esquecem de debater e passar para a acção no terreno.

Enfim coisas da vida ...

De volta ao CyberEspaço

Depois de um período de interregno devido a questões laborais, às férias e aos estudos , venho retomar o meu / vosso blog.

Bem hajam ...

enfim coisas da vida

quinta-feira, maio 12, 2005

Pressão para PS mudar lei do aborto depois do referendo "ter abortado"

O PS já disse que, pelo menos para já, não vai desistir da ideia de realização de um novo referendo ao aborto (depois da consulta de 1998) e que só em último caso aceita pensar numa mudança da lei sem recurso a uma consulta aos portugueses. Mas há quem entenda que esse tal último caso já foi ultrapassado. É o caso do grupo de cerca de meia centena de cidadãos subscritores de um documento favorável à alteração imediata da lei pelos deputados, e que ontem foi dizer de sua justiça ao grupo parlamentar maioritário no Parlamento, o do PS. "Viemos manifestar ao PS a nossa preocupação pela situação em que se encontra o processo legislativo", afirmou o Procurador Geral Adjunto Eduardo Maia Costa aos jornalistas depois de se ter encontrado com Alberto Martins (presidente da bancada socialista), Sónia Fertuzinhos e Ana Catarina Mendes (duas das vice-presidentes).Maia Costa e a jornalista Diana Andringa, bem como a dirigente do Bloco de Esquerda Manuela Tavares, foram alguns dos representantes do grupo de cidadãos na reunião com os deputados socialistas, realizada ao início da tarde."O processo para a realização de um referendo está bloqueado. O Presidente da República [Jorge Sampaio] impediu a realização de um novo referendo este ano e para o ano que vem haverá novo Presidente da República, que não sabemos que posição vai tomar", adiantou Maia Costa. Recorde-se que de acordo com a Constituição e Lei do Referendo, cabe ao chefe de Estado a decisão final sobre a convocação de uma consulta popular.Assim sendo, "o que é preciso é resolver esta situação na Assembleia da República" e, dentro do Parlamento, cabe ao "grupo parlamentar do PS desbloquear a situação". "O processo do referendo ao aborto abortou e agora é preciso retomar o processo legislativo".Ou seja, defendeu Maia Costa, pegar na lei de despenalização da interrupção voluntária da gravidez até às dez semanas, já aprovada na generalidade pelos deputados, e aprová-la desde já em votação final global, de forma a tomar letra de lei. Sem que, como há sete anos, se recorra previamente a uma auscultação dos portugueses.Maia Costa disse que o grupo de cidadãos não pretende encontrar-se com mais nenhum grupo parlamentar, na tentativa de resolver o assunto. "O PCP e os Verdes já aderiram a esta posição e também o Bloco de Esquerda decidiu apoiar a via parlamentar". O documento apresentado aos socialistas é subscrito por nomes como os do sociólogo Boaventura Sousa Santos, a ex-deputada socialista e Bastonária da Ordem dos Arquitectos, Helena Roseta, o cientista Alexandre Quintanilha, a jornalista Paula Moura Pinheiro, a escritora Maria Teresa Horta e a pintora Paula Rego.O PS promete insistir no referendo a partir de 15 de Setembro."
in diário de notícias de 12 de Maio de 2005
Sinceramente não percebo o que é que falta ao PS para não tentar aprovar a liberalização da possibilidade das mulheres puderem matar os seus filhos, através de decreto de lei na assembleia da republica, se é isso mesmo que eles pretendem.
Acho uma falta de coerência a tentativa de enganar o povo com um suposto referendo, sendo que a vontade do partido (ou pelo menos de algumas mentes brilhantes do partido) é a liberalização da morte assistida para os filhos que estão no ventre materno.
Tenham coragem e assumam-se não se escondam atrás de falsos moralismos, senhores socialistas.
Tendo certo que depois da lei aprovada, o vosso objectivo atingiu o fim, e nunca mais haverão mães a sofrerem por causa de terem engravidado, nunca mais haverá abortos clandestinos e nem morrerão mulheres por causa essa mesma causa, nunca mais as meninas de 15/17 anos terão filhos nem sofrerão por os terem morto!
Será atingida a perfeição e os problemas relacionados com a maternidade/paternidade responsável nunca mais ocorrerão neste país à beira mar plantado.
Enfim, coisas da vida ... (muito tristes por sinal)

quarta-feira, maio 11, 2005

PCP abstém-se em estudo do aborto

"O PCP foi a única força política que se absteve na votação sobre se o Parlamento deveria ou não avançar com um estudo sobre a realidade do aborto em Portugal. Uma iniciativa que está para avançar desde 2002, e que ontem finalmente foi aprovada, com os votos favoráveis dos deputados do PS, PSD, CDS/PP e Bloco de Esquerda, na Comissão Parlamentar de Saúde, presidida pelo deputado Rui Cunha (PS).No rápido debate que antecedeu a votação, Manuel Pizarro, deputado do PS, disse ser o seu partido "favorável a que o estudo seja prosseguido", lembrando que essa mesma decisão já tinha sido tomada. Na anterior Legislatura a iniciativa acabou por não tomar forma devido à dissolução do Parlamento e realização de eleições antecipadas.Pelo PSD, Carlos Miranda defendeu "não só que o estudo seja realizado, mas que o seja no mais curto espaço de tempo possível". Também Teresa Caeiro, do CDS/PP pediu que a investigação seja realizada "com a maior celeridade possível", apontando a necessidade de acompanhamento permanente do assunto pelos deputados da Comissão de Saúde. Também Ana Drago, do Bloco de Esquerda, considerou "urgentíssima" a realização do estudo, lembrando que já foi aprovado "em Setembro de 2002", sem que ainda esteja feito. Sem argumentar, Bernardino Soares, líder da bancada comunista, limitou-se a anunciar a abstenção do seu partido nesta matéria.Rui Cunha lembrou que as verbas já estão orçamentadas (80 mil contos), e que agora cabe ao presidente do Parlamento, Jaime Gama, dar sequência ao processo, abrindo um concurso público."

E a saga continua. Agora esperemos que essa tal equipa de trabalho, consiga na realidade tirar a fotocópia da sociedade portuguesa relativamente a esta problemática e que de uma vez por todas não se escondam por detrás de pseudo-estatísticas que na sua maioria são forjadas.
Claro está que, os elementos que formarão a tal equipa em muito vai influênciar os resultados. Vamos esperar e ver.

Enfim coisas da vida ...

terça-feira, maio 10, 2005

Deputados avançam hoje com estudo sobre o aborto

Os partidos vão hoje aprovar na Comissão Parlamentar de Saúde a realização de um "estudo sobre a realidade do aborto em Portugal". Um estudo que visa conhecer não apenas a realidade do aborto clandestino em Portugal, mas também acompanhar a situação relacionada com o planeamento familiar, a educação sexual nas escolas e o estado de preparação dos estabelecimentos de saúde para realizarem interrupções voluntárias da gravidez (que em certos casos excepcionais são já permitidas pela lei actual). O estudo, que em 2002 foi impulsionado por Helena Roseta, nunca chegou a avançar. Nas gavetas do Parlamento está já há muito o caderno de encargos, elaborado pelo ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão), e que de uma verba estimada inicialmente em 1,5 milhões de euros se fixou entretanto em 400 mil euros. Na semana passada, a Comissão da Saúde ouviu a deputada do PS Sónia Fertuzinhos, que fez o historial do processo. Hoje, vai deliberar. Rui Cunha, deputado do PS e presidente da Comissão, disse ontem ao DN que "na semana passada os partidos deram a entender estar de acordo com o estudo". Sónia Fertuzinhos disse que "a luta pela despenalização do aborto não encerra tudo o que é necessário fazer", justificando o sim do Parlamento à abertura de um concurso para se avançar com a pesquisa sobre a realidade do aborto em Portugal. Ana Manso, deputada do PSD, considerou que "independentemente de vir ou não a haver referendo, é saudável e importante saber a dimensão do problema em Portugal".

in http://dn.sapo.pt de 10.05.2005

segunda-feira, maio 09, 2005

António Costa também admite lei do aborto sem referendo

António Costa, o número dois do Governo, é mais uma voz socialista a admitir que a despenalização do aborto pode ser aprovada no Parlamento, sem referendo. Em entrevista ao programa "Diga Lá Excelência", da Rádio Renascença, RTP e Público, Costa assume que "era bom que a questão se resolvesse por referendo, mas é evidente que nada pode ficar bloqueado, nem é legítimo que se bloqueie a possibilidade da convocação do referendo ad eternum." Para o ministro de Estado e da Administração Interna, "tem de haver alteração da lei, e por via do referendo, tão depressa quanto possível"; caso contrário, o PS "não vai deixar-se bloquear nessa questão". Na semana passada, Jorge Coelho, numa posição concertada com José Sócrates, já tinha defendido a hipótese do PS abdicar do referendo e mudar a lei no Parlamento.
in http://dn.sapo.pt de 09.06.05

sexta-feira, maio 06, 2005

ABORTIVO

Apesar do eventual mau gosto da metáfora, é inevitável constatar que a forma como o Partido Socialista conduziu o processo do referendo sobre o aborto foi claramente...abortiva. Não cometerei a injustiça de dizer que o foi deliberadamente, apenas por mesquinhos cálculos de táctica política, embora estes tenham acabado por prevalecer sobre as convicções e a vontade de solucionar um problema que se arrasta penosamente, desde há longo tempo, na sociedade portuguesa. Em todo o caso, a inépcia demonstrada pelo Governo e pelo grupo parlamentar do PS na condução do processo só podia ter levado ao impasse a que se chegou. O PS tinha a obrigação de prevenir as dificuldades técnicas e políticas que se colocavam ao timing desejado para o referendo, quer do ponto de vista do calendário e das nor- mas constitucionais existentes, quer no que se refere às posições do Presidente da República ou do maior partido da oposição, o PSD. Mas o PS não o fez. Fez mais - e pior. Introduziu uma confusão suplementar com a referência às dezasseis semanas não previstas na pergunta do referendo sobre o aborto. Voltou atrás, mas demasiado tarde. Foi assim que o PSD e Sampaio puderam lavar as mãos da incomodidade, remetendo o momento de superá-la para as calendas gregas. E é por isso que, como pretende Jorge Coelho, resta agora ao PS submeter-se aos desígnios iniciais do PCP e do Bloco, abdicando do referendo e fazendo aprovar uma nova lei despenalizadora no Parlamento.
O PS insiste em apresentar um novo projecto de referendo em Setembro, sujeitando-se a uma polémica bizantina e caricata sobre o tempo de duração das sessões legislativas. Mas quando se chega a este ponto, em que a árvore do formalismo especioso das controvérsias constitucionais oculta a floresta das questões políticas e sociais (como é o caso do aborto), só podemos chegar mesmo a outras soluções abortivas.

Vicente Jorge Silva - www.dn.pt de 06.05.05

Coelho é um brincalhão

Jorge Coelho é um brincalhão. Porque só mesmo o seu apuradíssimo sentido de humor o terá levado a levantar a hipótese de o PS avançar com uma nova lei para o aborto dispensando a realização de um referendo. É verdade que na sua intervenção na Quadratura do Círculo, onde expôs esta ideia peregrina, ele colocou muitos "ses" a tal hipótese. Só "se houver bloqueamentos"; só se se verificar que "não é possível realizar" o referendo; só depois "de se tentar tudo". Aliás, Jorge Coelho até disse que estava a falar a título pessoal, e não em nome do PS. Infelizmente, não me recordo da última vez em que as opiniões pessoais de Jorge Coelho não coincidiram com as do PS.Por isso, com "ses" ou sem "ses", em nome "pessoal" ou em nome do partido, a ideia de resolver a liberalização do aborto entre as quatro paredes do Parlamento fica a badalar no ar, como uma ameaça - evidentemente, é essa a jogada política do bem-humorado Coelho. É a sua forma sibilina de pressionar o PSD a avançar para a revisão constitucional e de empurrar Jorge Sampaio para uma resolução do caso antes de apagar a luz de Belém. É pura malandragem política. O que se aceita em quase todos os assuntos, mas não quando está em causa algo tão dramático como o aborto, que envolve os valores fundamentais a vida e a liberdade dos indivíduos.A partir do momento em que o referendo de 1998, embora não vinculativo, decidiu a vitória do "não", avançar agora com uma lei liberalizadora que ignorasse quem votou há sete anos seria um golpe inadmissível na democracia portuguesa, uma jogada palaciana digna da mais saloia extrema-esquerda. Ontem, em declarações ao DN, Francisco Louçã afirmava "não se adia uma lei justa". O profeta Louçã tem todo o direito às suas convicções. Mas eu dispenso bem a imposição dos seus conceitos de "justiça". É lamentável ver o PS - perdão, Jorge Coelho - partilhar estas tristes teses.
João Miguel Tavares - in Jornal www.dn.pt de 06.05.05

terça-feira, abril 05, 2005

Editorial do Jornal Expresso do dia 1 de Abril de 2005

«Para nós, é necessário que haja uma linha clara, nítida, que separe a vida da morte.»
A TERRÍVEL batalha jurídica que se desenrolou nos Estados Unidos, com os tribunais a legislarem sobre o corte ou não corte do fio que ligava uma mulher à vida, e a luta que decorre em Portugal a propósito da marcação da data do referendo do aborto, trouxeram de novo à actualidade o debate sobre a vida humana.
A questão coloca-se de forma muito simples: uns defendem que não é legítimo intervir sobre a vida de um ser humano, desde o momento da concepção até ao momento da morte, outros consideram que essa intervenção é legítima.
Os primeiros condenam, por exemplo, o aborto e a eutanásia.
Os segundos aceitam-nos.
O EXPRESSO, não sendo um jornal confessional, como é sabido, tem-se mantido intransigentemente contrário à manipulação da vida.
Para nós, é necessário que haja uma linha clara, nítida, que separe a vida da morte - e que na transposição dessa linha não exista intervenção de ninguém.
Ora os que defendem a eutanásia e o aborto estão a admitir que a linha que protege a vida não é nítida, que o início da vida e o momento da morte são discutíveis, que um ser com menos de 12 semanas não pode ser considerado um ser humano e que um homem ainda vivo pode já «merecer» estar morto - sendo admissível, por isso, o golpe de misericórdia.
ESTA aceitação da ideia de que à volta da vida não deve haver uma linha inviolável mas uma nebulosa, e que são legítimas as intervenções nessa zona no sentido de interromper a vida ou apressar a morte, é um passo terrivelmente perigoso.
Porque, além da eutanásia e do aborto, abre o campo a outras enormidades como a pena de morte.
Ou a pensamentos ainda mais tenebrosos como este: se uma pessoa deixou de trabalhar e de ser produtiva, se se tornou um estorvo para os seus familiares, porquê mantê-la viva?
Se a eutanásia é permitida, por que não alargar esse conceito aos velhos que só representam encargos para a sociedade e um peso insuportável para os parentes?
ACEITAR a manipulação da vida é um risco tremendo.
Aqueles que, por razões ideológicas ou porque consideram que isso é «moderno», defendem «causas» como a eutanásia e o aborto, deveriam pensar um pouco mais a fundo até onde isso nos poderá levar.

Não poderia concordar mais com este pequeno, grande texto. Para onde é que nós caminhamos sociedade?

Enfim, coisas da vida ... "não tenhais medo, abri as portas a Cristo" (JPII)




Não tenhais medo, abri as portas a Cristo !
Lilypie First Birthday tickers Lilypie