Pretendo que este espaço virtual seja um ponto de encontro de pessoas que se sentem mais ou menos tocadas pela vida, e que haja respeito por todas as opiniões e acima de tudo abertura para se escrever sobre tudo, mesmo tudo.
sábado, dezembro 18, 2010
Mensagem de Natal do Bispo de Aveiro
quinta-feira, dezembro 16, 2010
O Natal não é quando um homem quiser... e ainda bem

terça-feira, dezembro 14, 2010
Reflexão de Advento II

segunda-feira, dezembro 13, 2010
O Diário do Professor Arnaldo – A fome nas escolas

Acontece que o mais velho é meu aluno. Anda no 7.º ano, tem 12 anos mas, pela estrutura física, dir-se-ia que não tem mais de 10. Como é óbvio, fiquei chocado. Ainda lhe disse que não sou o Director de Turma do miúdo e que não podia fazer nada, a não ser alertar quem de direito, mas ela também não queria nada a não ser desabafar.
De vez em quando, dão-lhe dois ou três pães na padaria lá da beira, que ela distribui conforme pode para que os miúdos não vão de estômago vazio para a escola. Quando está completamente desesperada, como nos últimos dias, ganha coragem e recorre à instituição daqui da vila – oferecem refeições quentes aos mais necessitados. De resto, não conta a ninguém a situação em que vive, nem mesmo aos vizinhos, porque tem vergonha. Se existe pobreza envergonhada, aqui está ela em toda a sua plenitude.
Sabe que pode contar com a escola. Os miúdos têm ambos Escalão A, porque o desemprego já se prolonga há mais de um ano (quem quer duas pessoas com 45 anos de idade e habilitações ao nível da 4ª classe?). Dão-lhes o pequeno-almoço na escola e dão-lhes o almoço e o lanche. O pior é à noite e sobretudo ao fim-de-semana. Quantas vezes aquelas duas crianças foram para a cama com meio copo de leite no estômago, misturado com o sal das suas lágrimas…
Sem saber o que dizer, segureia-a pela mão e meti-lhe 10 euros no bolso. Começou por recusar, mas aceitou emocionada. Despediu-se a chorar, dizendo que tinha vindo ter comigo apenas por causa da mensagem que eu enviara na caderneta. Onde eu dizia, de forma dura, que «o seu educando não está minimamente concentrado nas aulas e, não raras vezes, deita a cabeça no tampo da mesma como se estivesse a dormir».
Aí, já não respondi. Senti-me culpado. Muito culpado por nunca ter reparado nesta situação dramática. Mas com 8 turmas e quase 200 alunos, como podia ter reparado?
É este o Portugal de sucesso dos nossos governantes. É este o Portugal dos nossos filhos.
sábado, dezembro 11, 2010
15º DIA DO ADVENTO DO NASCIMENTO DO FILHO DE DEUS

Neste 15º dia do Advento, iremos realizar uma aventura dividida em 5 “etapas”, aceitas o desafio?
PRIMEIRA ETAPA – a aventura de João!
EVANGELHO DO III Domingo do Advento (Ano A) Mt 11,2-11
Naquele tempo, João Baptista ouviu falar, na prisão, das obras de Cristo e mandou-Lhe dizer pelos discípulos: «És Tu Aquele que há-de vir, ou devemos esperar outro?». Jesus respondeu-lhes: «Ide contar a João o que vedes e ouvis: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a Boa Nova é anunciada aos pobres. E bem-aventurado aquele que não encontrar em Mim motivo de escândalo». Quando os mensageiros partiram, Jesus começou a falar de João às multidões: «Que fostes ver ao deserto? Uma cana agitada pelo vento? Então que fostes ver? Um homem vestido com roupas delicadas? Mas aqueles que usam roupas delicadas encontram-se nos palácios dos reis. Que fostes ver então? Um profeta? Sim – Eu vo-lo digo – e mais que profeta. É dele que está escrito: ‘Vou enviar à tua frente o meu mensageiro, para te preparar o caminho’. Em verdade vos digo: Entre os filhos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Baptista. Mas o menor no reino dos Céus é maior do que ele».
SEGUNDA ETAPA – nas profundezas do Evangelho!
Para melhor compreender o Evangelho deste Domingo, permite-me uma sugestão: vai até ao sítio da Diocese de Aveiro (http://www.diocese-aveiro.pt/boanova.asp) e aí poderás ler o comentário bíblico que o padre Franclim Pacheco tão magnificamente redigiu. Esta leitura e meditação ajudar-te-à certamente a perceberes melhor o Evangelho e aquilo que Deus te quer transmitir hoje.
TERCEIRA ETAPA – na descoberta dos Teus sinais!
A nossa fé não nasce no vazio. Há sinais, pequenos e grandes, que nos sugerem a presença de um Deus terno, próximo de nós. Para crescer na fé tens de procurar os sinais. E o maior é o amor. A coragem daqueles que amam sempre, mesmo nesta cultura de violência e indiferença. Os gestos de perdão, de amor gratuito, que só se explicam pela presença de Deus na vida das pessoas. A capacidade de servir os outros sem esperar recompensa. O empenho de transformar uma sociedade injusta numa casa acolhedora para todos.
Eu quero louvar-te, Senhor, pelos sinais de bondade que puseste no meu caminho.
Que me ajudam a perceber a imensidão do amor que me tens.
Que me convencem que a minha vida tem valor.
Que me mostram que não estou sozinho diante das minhas dificuldades.
(cfr. In Rezar no Advento, ed. Salesianas)
QUARTA ETAPA – A FESTA !
QUINTA ETAPA – A PARTIDA !
O símbolo que o secretariado da educação cristã da Diocese de Aveiro sugere para esta semana que agora se inicia, a IIIª semana do Advento, é a sineta.
A sineta simboliza o anúncio da boa notícia da presença no meio de nós de um Deus amor, próximo de todos nós e de todas as pessoas de boa vontade.
Uma boa notícia que não pode ficar silenciada pelos ruídos da violência e dos ódios, da indiferença e do comodismo.
A Boa Nova da chegada do Deus-menino pede-nos gestos e palavras de amor e perdão, de verdade e justiça de modo a construir uma sociedade acolhedora para todos.
Não percas tempo, porque o tempo corre …
A Vela: uma luz por Anselm Grün

A Vela: uma luz
Durante o Advento, gostamos de nos sentar diante de uma vela acesa, procurando encontrar, na sua luz, a paz. As velas, os castiçais, exerceram, desde sempre, sobre os homens uma atracção particular. A sua luz é cheia de doçura. Ao contrário do néon, cuja luz é tão crua, a luz da vela só ilumina o espaço à nossa volta, deixando tudo o resto na penumbra. O seu brilho difunde-se num ameno calor. Não se trata de uma fonte de iluminação artificial que deve expandir-se igualmente sobre todas as coisas. Pelo contrário, a luz da vela possui, na sua essência, as qualidades do mistério, do calor, da ternura. À luz da vela podemos olhar-nos a nós próprios; percebemos então, com um olhar mais doce, a nossa realidade, muitas vezes tão dura. Esta doçura dá-nos coragem para nos vermos tal como somos, e para assim nos apresentarmos diante de Deus. Podemos então aceitar-nos a nós mesmos.
A luz da vela não ilumina apenas, ela também aquece. E, além disso, com o seu calor, traz o amor para o nosso espaço. Preenche o nosso coração com um amor mais profundo e mais misterioso do que o dos seres aos quais nos sentimos unidos: um amor que provém de uma inesgotável fonte divina, um amor que não é frágil como aquele que trocamos entre nós, humanos.
Se deixarmos que essa luz penetre no nosso coração, podemos então sentir-nos plenamente queridos, com um amor que torna tudo, em nós, digno de ser amado.
É, afinal, o amor de Deus que vem até nós nesta luz da vela. A luz nasce da cera que arde: imagem de um amor que se consome. Ela dura enquanto dura a cera, sem pretensões de economia. No entanto, é preciso, por vezes, diminuir a mecha, sem o que a chama pode subir demasiadamente alto e espalhar a fuligem à sua volta. Há também uma forma de amar demasiadamente intensa, na qual nos esgotamos de modo excessivo. Um tal amor não faz bem, nem a nós próprios nem aos outros, que são sensíveis ao que nele há de “fuligem”: as intenções subjacentes, o excesso de vontade, o artifício, tudo o que faz com que esse amor não traga luz aos outros, mas antes obscuridade.
A vela compõe-se de dois elementos.
Há em primeiro lugar a chama, símbolo da espiritualidade que se eleva até ao céu. Conta a lenda que a oração dos padres do deserto transformava os seus dedos em chamas de fogo. A vela que arde é pois uma imagem da nossa prece. Assim os peregrinos gostam de acender, uma vez chegados ao fim da sua viagem, um círio que colocam no altar ou diante de uma estátua da Virgem, persuadidos de que a sua oração durará enquanto durar a chama. Esperam deste modo que a oração possa trazer luz às suas vidas e ao coração daqueles por quem acenderam o círio.
O segundo elemento da vela é a cera que se consome. Para a Igreja dos primeiros tempos, a vela, o círio, era, por isso mesmo, um símbolo de Cristo, Deus e homem ao mesmo tempo. A cera é a imagem da sua natureza humana que ele sacrificou por amor a nós, e a chama é a imagem da sua divindade. As velas que acendemos durante o Advento e no Natal lembram-nos assim o mistério da Encarnação de Deus em Jesus Cristo.
Nessa vela, é o próprio Cristo que se torna presente entre nós, e é ele que, com a sua luz, ilumina a nossa casa e o nosso coração, e os aquece com o seu amor. E é precisamente através da sua natureza humana que resplandece a natureza divina de Jesus. A vela mostra-nos pois, também, o mistério da nossa própria encarnação. Através do nosso corpo, é Deus que deseja fazer brilhar a sua luz neste mundo. Desde o nascimento de Jesus que ela brilha em cada rosto humano.
A ti que me lês, desejo que leves a muitos outros seres, durante o Advento, uma luz que ilumine, com doçura, tudo aquilo que eles prefeririam não ver neles próprios. Tornar-te-ás então, para eles, tal como a vela, uma fonte de vida e de amor.
Anselm Grün
Curta Meditação sobre as Festas de Natal
sexta-feira, dezembro 10, 2010
Natal no Iraque

terça-feira, dezembro 07, 2010
Oração de Advento
Dá-nos Senhor, neste Advento, a coragem dos recomeços.
Não nos deixes acomodar ao saber daquilo que foi:
dá-nos largueza de coração para abraçar aquilo que é.
Afasta-nos do repetido, do juízo mecânico que banaliza a história,
pois a priva de surpresa e de esperança.
Torna-nos atónitos como os seres que florescem.
Torna-nos inacabados como quem deseja.
Torna-nos atentos como quem cuida.
Torna-nos confiantes como os que se atrevem
a olhar tudo, e a si mesmos, de novo
pela primeira vez.
José Tolentino Mendonça
Fonte: SNPC
sexta-feira, novembro 26, 2010
quinta-feira, novembro 18, 2010
É preciso coragem (com vídeo)
quarta-feira, novembro 17, 2010
Todos devem assistir esse vídeo ao menos uma vez!!!
"Posso não conseguir segurar a mão da minha esposa, mas quando a altura chegar, eu sei que serei capaz de segurar o seu coração!"
Joaquim Letria: FUGIR? PARA ONDE?

De rabo entre as pernas, fartinhos de saberem que estavam errados, não conseguem agora disfarçar o mal que nos fizeram. Ainda estão a despedir-se, agradecidos, do Constâncio, e já dão a mão a Passos Coelho, que lhes jura que conhece uma saída perto e sem portagem.
Estamos bem entregues! Vão-nos servindo a sopa do Sidónio, à custa dos milhões que ainda recebem da Europa, andam pelo mundo fora sem vergonha, de mão estendida, a mendigar e a rapar tachos, tratados pelos credores como caloteiros perigosos e mentirosos de má-fé.
Quando Guterres chegou ao Governo, a dívida pouco passava dos 10% do PIB. 15 anos de Guterres, Barroso, Sócrates e de muitos negócios duvidosos puseram-nos a dever 120% do PIB.
Esta tropa fandanga deu com os burrinhos na água, não serve para nada e o estado do próprio regime se encarrega de o demonstrar. Falharam todas as apostas essenciais. Todos os dias se mostram incapazes. Mas com o Guterres nos refugiados, o Sampaio nos tuberculosos e na Fundação Figo, o Constâncio no Banco Central e o Barroso em Bruxelas, a gente foge para onde?
terça-feira, novembro 16, 2010
Uma das razões para o elevado desemprego

Depois de um banho com sabonete (Made in France) e enquanto o café (importado da Colômbia) estava a fazer na máquina (Made in Chech Republic), barbeou-se com a máquina eléctrica (Made in China).
Vestiu uma camisa (Made in Sri Lanka), jeans de marca (Made in Singapore) e um relógio de bolso (Made in Switzerland).
Depois de preparar as torradas de trigo (produced in USA) na sua torradeira
(Made in Germany) e enquanto tomava o café numa chávena (Made in Spain), pegou na máquina de calcular (Made in Korea) para ver quanto é que poderia gastar nesse dia e consultou a Internet no seu computador (Made in Thailand) para ver as previsões meteorológicas.
Depois de ouvir as notícias pela rádio (Made in India), ainda bebeu um sumo de laranja (produced in Israel), entrou no carro Saab (Made in Sweden) e continuou à procura de emprego.
Ao fim de mais um dia frustrante, com muitos contactos feitos através do seu telemóvel (Made in Finland) e, após comer uma pizza (Made in Italy), o Zé decidiu relaxar por uns instantes.
Calçou as suas sandálias (Made in Brazil), sentou-se num sofá (Made in Denmark), serviu-se de um copo de vinho (produced in Chile), ligou a TV (Made in Indonesia) e pôs-se a pensar porque é que não conseguia encontrar um emprego em PORTUGAL...
Estima-se que se cada português consumir 150€ de produtos nacionais, por ano, a economia cresce acima de todas as estimativas e, ainda por cima, cria postos de trabalho.
Dê preferência aos produtos de fabrico Português. Se não sabe quais são, verifique no código de barras. Todos os produtos produzidos em Portugal começam por 560 ........
segunda-feira, novembro 15, 2010
Frase de Semana by Jean Paul Sartre
quarta-feira, novembro 03, 2010
SIC Notícias, Jornal das 9, Mário Crespo entrevista A. Lobo Antunes
quinta-feira, outubro 28, 2010
Padres ou empreiteiros?
Quantas vezes as pessoas limitam o juízo que fazem de um pároco com a Expressão: ele é muito dinâmico, ampliou a Igreja, construiu o Centro Social e o adro está bonito.
É a imagem do padre empreiteiro que seduziu muitos membros do clero das nossas aldeias. Fazem-me às vezes lembrar alguns presidentes dos Bombeiros Voluntários que só descansam quando construirem um novo quartel maior que o da corporação vizinha ou as comissões de festas que querem um conjunto mais caro que o da festa vizinha.
Não podemos ignorar que é de primordial importância revitalizar os movimentos para respostas concretas. .. porque não devemos ficar a olhar para o céu de braços cruzados perante a pobreza dos irmãos.
Uma paróquia sem uma dimensão social não pode considerar a sua missão completa e de tanto se insistir nesta maxima, desatamos todos numa correria à construção de equipamentos que traduzissem a prática da caridade cristã, de forma concreta, com as famílias pobres.
A preocupação com qualidade exigida pelo Estado, para dar a sua esmola, endeusou o profissionalismo e muitos sacerdotes tornaram-se profissionais qualificados no acompanhamento de obras e na gestão económica e financeira de equipamentos.
Transformaram a assistência evangélica numa técnica tanto mais aperfeiçoada quanto diminuía a disponibilidade psicológica, escasseavam o tempo e as forces para que os padres fossem verdadeiramente pastores.
Face ao alargamento da acção social do Estado — como é sua missão constitucional —, pairam agora tantas dúvidas sobre tantos investimentos e tantos sacrifícios feitos e desperdiçados.
Por isso, consideramos pertinentíssimas as dúvidas que o Arcebispo de Braga colocava aos seus padres, a começar pela necessidade de todos os equipamentos existentes e outros novos em projecto.
Há que pensar bem — e devem ser os párocos a fazê-lo nos encargos assumidos - nos empréstimos bancários para a construção — que podem lançar na falência as comunidades cristãs?
D. Jorge interroga-se mesmo — face ao futuro difícil que aí vem — se deve continuar a assinar Cartas de Conforto ou autorização para hipotecas com encargos para diversos anos.
A opção está nas construções faraónicas ou em centros de dia e num voluntariado responsável? Esta pergunta de D. Jorge não deve desmotivar os padres das nossas aldeias, mas deve gerar uma reflexão a partir “duma certa originalidade diferente que as Instituições da Igreja devem possuir”
autor: Costa Guimarães [ http://correiodominho.pt/cronicas.php?id=2095 ]
quarta-feira, outubro 27, 2010
Paulo Sousa e Costa fala pela primeira vez em público sobre o filho
O produtor recordou Paulinho - que morreu há cerca de um mês, vítima de leucemia -, durante um espectáculo a favor da Associação Oncológica do Alentejo, no Teatro Garcia de Resende, em Évora.
terça-feira, outubro 26, 2010
Um segredo de um casamento feliz

Crónica: Um segredo de um casamento feliz
25.10.2010 - 10:45 Por Miguel Esteves Cardoso
Confesso que a minha ambição era a mais louca de todas: revelar os segredos de um casamento feliz. Tendo descoberto que são desaconselháveis os conselhos que ia dar, sou forçado a avisar que, quase de certeza, só funcionam no nosso casamento.
Mas vou dá-los à mesma, porque nunca se sabe e porque todos nós somos muito mais parecidos do que gostamos de pensar.
O casamento feliz não é nem um contrato nem uma relação. Relações temos nós com toda a gente. É uma criação. É criado por duas pessoas que se amam.
O nosso casamento é um filho. É um filho inteiramente dependente de nós. Se nós nos separarmos, ele morre. Mas não deixa de ser uma terceira entidade.
Quando esse filho é amado por ambos os casados - que cuidam dele como se cuida de um filho que vai crescendo -, o casamento é feliz. Não basta que os casados se amem um ao outro. Têm também de amar o casamento que criaram.
O nosso casamento é uma cultura secreta de hábitos, métodos e sistemas de comunicação. Todos foram criados do zero, a partir do material do eu e do tu originais.
Foram concordados, são desenvolvidos, são revistos, são alterados, esquecidos e discutidos. Mas um casamento feliz com dez anos, tal como um filho de dez anos, tem uma personalidade mais rica e mais bem sustentada, expressa e divertida do que um bebé com um ano de idade.
Eu só vivo desta maneira - que é o nosso casamento - vivendo com a Maria João, da maneira como estamos um com o outro, casados. Nada é exportável. Não há bocados do nosso casamento que eu possa levar comigo, caso ele acabe.
O casamento é um filho carente que dá mais prazer do que trabalho. Dá-se de comer ao bebé mas, felizmente, o organismo do bebé é que faz o trabalho dificílimo, embora automático, de converter essa comida em saúde e crescimento.
Também o casamento precisa de ser alimentado mas faz sozinho o aproveitamento do que lhe damos. Às vezes adoece e tem de ser tratado com cuidados especiais. Às vezes os casamentos têm de ir às urgências. Mas quanto mais crescem, menos emergências há e melhor sabemos lidar com elas.
Se calhar, os casais apaixonados que têm filhos também ganhariam em pensar no primeiro filho que têm como sendo o segundo. O filho mais velho é o casamento deles. É irmão mais velho do que nasce e ajuda a tratar dele. O bebé idealmente é amado e cuidado pela mãe, pelo pai e pelo casamento feliz dos pais.
Se o primeiro filho que nasce é considerado o primeiro, pode apagar o casamento ou substitui-lo. Os pais jovens - os homens e as mulheres - têm de tomar conta de ambos os filhos. Se a mãe está a tratar do filho em carne e osso, o pai, em vez de queixar-se da falta de atenção, deve tratar do mais velho: do casamento deles, mantendo-o romântico e atencioso.
Ao contrário dos outros filhos, o primeiro nunca sai de casa, está sempre lá. Vale a pena tratar dele. Em contrapartida, ao contrário dos outros filhos, desaparece para sempre com a maior das facilidades e as mais pequenas desatenções. O casamento feliz faz parte da família e faz bem a todos os que também fazem parte dela.
Os livros que li dão a ideia de que os casamentos felizes dão muito trabalho. Mas se dão muito trabalho como é que podem ser felizes? Os livros que li vêem o casamento como uma relação entre duas pessoas em que ambas transigem e transaccionam para continuarem juntas sem serem infelizes. Que grande chatice!
Quando vemos o trabalho que os filhos pequenos dão aos pais, parece-nos muito e mal pago, porque não estamos a receber nada em troca. Só vemos a despesa: o miúdo aos berros e a mãe aflita, a desfazer-se em mimos.
É a mesma coisa com os casamentos felizes. Os pais felizes reconhecem o trabalho que os filhos dão mas, regra geral, acham que vale a pena. Isto é, que ficaram a ganhar, por muito que tenham perdido. O que recebem do filho compensa o que lhe deram. E mais: também pensam que fizeram bem ao filho. Sacrificam-se mas sentem-se recompensados.Num casamento feliz, cada um pensa que tem mais a perder do que o outro, caso o casamento desapareça. Sente que, se isso acontecer, fica sem nada. É do amor. Só perdeu o casamento deles, que eles criaram, mas sente que perdeu tudo: ela, o casamento deles e ele próprio, por já não se reconhecer sozinho, por já não saber quem é - ou querer estar com essa pessoa que ele é.
Se o casamento for pensado e vivido como uma troca vantajosa - tu dás-me isto e eu dou-te aquilo e ambos ficamos melhores do que se estivéssemos sozinhos -, até pode ser feliz, mas não é um casamento de amor.
Quando se ama, não se consegue pensar assim. E agora vem a parte em que se percebe que estes conselhos de nada valem - porque quando se ama e se é amado, é fácil ser-se feliz. É uma sorte estar-se casado com a pessoa que se ama, mesmo que ela não nos ame.
Ouvir um casado feliz a falar dos segredos de um casamento feliz é como ouvir um bilionário a explicar como é que se deve tomar conta de uma frota de aviões particulares - quantos e quais se devem comprar e quais as garrafas que se deve ter no bar, para agradar aos convidados.
Dirijo-me então às únicas pessoas que poderão aproveitar os meus conselhos: homens apaixonados pelas mulheres com quem estão casados.
E às mulheres apaixonadas pelos homens com quem estão casadas? Não tenho nada a dizer. Até porque a minha mulher continua a ser um mistério para mim. É um mistério que adoro, mas constitui uma ignorância especulativa quase total.
Assim chego ao primeiro conselho: os homens são homens e as mulheres são mulheres. A mulher pode ser muito amiga, mas não é um gajo. O marido pode ser muito amigo, mas não é uma amiga.
Nos livros profissionais, dizem que a única grande diferença entre homens e mulheres é a maneira como "lidam com o conflito": os homens evitam mais do que as mulheres. Fogem. Recolhem-se, preferem ficar calados.
Por acaso é verdade. Os livros podem ser da treta mas os homens são mais fugidios.
Em vez de lutar contra isso, o marido deve ceder a essa cobardia e recolher-se sempre que a discussão der para o torto. Não pode ser é de repente. Tem de discutir (dizê-las e ouvi-las) um bocadinho antes de fugir.
Não pode é sair de casa ou ir ter com outra pessoa. Deve ficar sozinho, calado, a fumegar e a sofrer. Ele prende-se ali para não dizer coisas más.
As más coisas ditas não se podem desdizer. Ficam ditas. São inesquecíveis. Ou, pior ainda, de se repetirem tanto, banalizam-se. Perdem força e, com essa força, perde-se muito mais.
As zangas passam porque são substituídas pela saudade. No momento da zanga, a solidão protege-nos de nós mesmos e das nossas mulheres. Mas pouco - ou muito - depois, a saudade e a solidão tornam-se insuportáveis e zangamo-nos com a própria zanga. Dantes estávamos apenas magoados. Agora continuamos magoados mas também estamos um bocadinho arrependidos e esperamos que ela também esteja um bocadinho.
Nunca podemos esconder os nossos sentimentos mas podemos esconder-nos até poder mostrá-los com gentileza e mágoa que queira mimo e não proclamação.
Consiste este segredo em esperar que o nosso amor por ela nos puxe e nos conduza. A tempestade passa, fica o orgulho mas, mesmo com o orgulho, lá aparece a saudade e a vontade de estar com ela e, sobretudo, empurrador, o tamanho do amor que lhe temos comparado com as dimensões tacanhas daquela raivinha ou mágoa. Ou comparando o que ganhamos em permanecer ali sozinhos com o que perdemos por não estar com ela.
Mas não se pode condescender ou disfarçar. Para haver respeito, temos de nos fazer respeitar. Tem de ficar tudo dito, exprimido com o devido amuo de parte a parte, até se tornar na conversa abençoada acerca de quem é que gosta menos do outro.Há conflitos irresolúveis que chegam para ginasticar qualquer casal apaixonado sem ter de inventar outros. Assim como o primeiro dever do médico é não fazer mal ao doente, o primeiro cuidado de um casamento feliz é não inventar e acrescentar conflitos desnecessários.
No dia-a-dia, é preciso haver arenas designadas onde possamos marrar uns com os outros à vontade. No nosso caso, é a cozinha. Discutimos cada garfo, cada pitada de sal, cada lugar no frigorífico com desabrida selvajaria.
Carregamos a cozinha de significados substituídos - violentos mas saudáveis e, com um bocadinho de boa vontade, irreconhecíveis. Não sabemos o que representam as cores dos pratos nas discussões que desencadeiam. Alguma coisa má - competitiva, agressiva - há-de ser. Poderíamos saber, se nos déssemos ao trabalho, mas preferimos assim.
A cozinha está encarregada de representar os nossos conflitos profundos, permanentes e, se calhar, irresolúveis. Não interessa. Ela fornece-nos uma solução superficial e temporária - mas altamente satisfatória e renovável. Passando a porta da cozinha para irmos jantar, é como se o diabo tivesse ficado lá dentro.
Outro coliseu de carnificina autorizada, que mesmo os casais que não podem um com o outro têm prazer em frequentar, é o automóvel. Aí representamos, através da comodidade dos mapas e das estradas mesmo ali aos nossos pés, as nossas brigas primais acerca das nossas autonomias, direcções e autoridades para tomar decisões que nos afectam aos dois, blá blá blá.
Vendo bem, os casamentos felizes são muito mais dramáticos, violentos, divertidos e surpreendentes do que os infelizes. Nos casamentos infelizes é que pode haver, mantidas inteligentemente as distâncias, paz e sossego no lar.
in http://www.publico.pt/Sociedade/cronica-um-segredo-de-um-casamento-feliz_1462647?all=1
terça-feira, outubro 19, 2010
Anedota da semana ... fantástica

Diz o Primeiro-Ministro Sócrates para a Secretária:"Vou atirar esta nota de 100 Euros pela janela e fazer um português feliz."
sexta-feira, outubro 15, 2010
Anedota da semana ... fantástica

Um homem, voando num balão, dá conta que está perdido. Avista um homem no chão, baixa o balão e aproxima-se:
- Pode ajudar-me? Fiquei de encontrar-me com um amigo às duas da tarde; já tenho um atraso de mais de meia hora e não sei onde estou...
- Claro que sim! - responde o homem: O senhor está num balão, a uns 20 metros de altura, algures entre as latitudes de 40 e 43 graus Norte e as longitudes de 7 e 9 graus Oeste.
- É consultor, não é?
- Sou sim senhor! Como foi que adivinhou?
- Muito fácil: deu-me uma informação tecnicamente correcta, mas inútil na prática. Continuo perdido e vou chegar tarde ao encontro porque não sei o que fazer com a sua informação...
- Ah! Então o senhor é socialista!
- Sou! Como descobriu?
- Muito fácil: O senhor não sabe onde está, nem para onde ir, assumiu um compromisso que não pode cumprir e está à espera que alguém lhe resolva o problema. Com efeito, está exactamente na mesma situação em que estava antes de me encontrar. Só que agora, por uma estranha razão, a culpa é minha!...
quinta-feira, outubro 14, 2010
Mais um prego no caixão
Se calhar, tendo em conta o grau de exigência nos programas das novas oportunidades, até entendemos esta medida! Enfim, isto a cada dia que passa, estamos a cavar a nossa própria sepultura.
quarta-feira, julho 21, 2010
Uma homenagem ao Tiago Alves (judoca falecido ontem)

Acabei de ler o blogue (http://ipponforlife-tiagoalves.blogspot.com/)do Tiago Alves, um dos muitos jovens com 18 anos de idade e com um mundo inteiro pela frente. Mas este rapaz, judoca pertencente à equipa nacional de Judo, um mês depois de lhe ter sido diagnosticado um "bicho" (como ele afirma) faleceu ontem com uma força e coragem enormes.
quarta-feira, julho 14, 2010
Frase de Semana by Francis Bacon

sexta-feira, julho 09, 2010
Será?
quinta-feira, julho 08, 2010
Á descoberta de Pedro Paixão ...

Estranhamente foi a assistir ao "5 para a meia-noite" desta semana, do Fernando Alvim, que reparei na personagem sui generis que é o escritor Pedro Paixão ... apesar da excentricidade, apreciei bastante a sua intervenção e agora ando pela net a descobrir o seu "perfil".
quarta-feira, julho 07, 2010
Júlio Pedrosa sugere recuperação dos terrenos das piscinas para futuro hospital

terça-feira, julho 06, 2010
Re-início by Frida Kahlo
sexta-feira, fevereiro 12, 2010
Os novos pobres
