quarta-feira, abril 30, 2008

Irmãs pedem direitos iguais aos de lésbicas

Já pela segunda vez em pouco tempo, trago para este meu pequeno espaço virtual um editorial da Isabel Stillwel. Sim de facto, aprecio a maneira simples, directa e muito clara que a editora do jornal destak escreve.
Hoje chama a atenção para um problema de discriminação familiar óbvio e que não faz sentido nenhum ocorrer, do meu ponto de vista, claro.

Acham normal que duas irmãs comparativamente com duas lésbicas sejam prejudicadas em termos fiscais? pois eu acho que não, mas mais uma vez a questão de género e a homosexualidade estão em voga e sobrepõem-se até a razões de ordem familiar.

Enfim, coisas da vida ...


:: NOTÍCIA ::

Vá lá a gente compreender o mundo, e até onde chega o politicamente correcto, é o que estão certamente a pensar duas irmãs inglesas, de 90 e 82 anos, que acabam de ver a sua petição negada pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. As senhoras, Joyce e Sybil Burden, que vivem juntas desde que nasceram, descobriram certo dia que quando uma delas morrer, a outra será obrigada a pagar 40% do valor da casa em impostos sucessórios.
Seria sempre uma imposição pesadíssima, mas se toda a gente tivesse a mesma obrigação, provavelmente as senhoras nunca se teriam sentido discriminadas. Simplesmente, vieram a saber que os casais de gays e lésbicas que moravam por ali perto estavam dispensados de impostos sobre a herança recebida do outro. «Não é justo. Se dissermos que somos lésbicas temos privilégios, mas se assumirmos que coabitamos há mais de oitenta anos como irmãs, o Estado penaliza-nos», protestou Joyce, ao saber ontem da decisão. O processo já corre desde 1976, e chegou ao Tribunal Europeu como último recurso, mas até este optou por uma versão legalista, defendendo que cada país tem direito a fazer alguma discriminação nos seus impostos, consoante as políticas que pretende implementar.
Tudo se torna assim mais claro. Desta forma, o Estado britânico tem de assumir que a sua estratégia é de premiar os casais homossexuais e hetrossexuais, e castigar os outros «estados civis». E de facto, porque raio não há-de recriminar duas velhotas que, em mais de oito décadas, nem sequer conseguiram arranjar um/uma parceiro(a) sexual, ou que dividem apenas mesa e águas correntes? Lição clara para todos os outros idosos da nação: ou têm uma vida sexual activa, ou pagam impostos.
Quanto a Joyce e Sybil, recusados todos os recursos interpostos, terão mesmo que tratar de simular ali qualquer coisa, partindo do princípio de que as finanças não levam o seu rigor fiscalizador tão longe. De uma determinação extraordinária até aqui, espera-se que sejam agora salvas por algum Robin dos Bosques, que enfrente um Estado que não tem vergonha de assaltar velhinhas.

Isabel Stilwell
editorial@destak.pt

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