sexta-feira, setembro 22, 2006

Nota pessoal

Pessoalmente desejo as maiores fecilidades ao meu novo Bispo.
Que seja um farol para a nossa diocese em geral e em especial aos leigos ovelhas do seu rebanho, luzeiros do seu horizonte, pontos luminosos que procuram "a luz", e destaco aqueles barcos que andam à deriva neste mar por vezes tumultuoso da vida.
Que o D. António Francisco seja realmente o nosso farol.
Um bem haja e como sempre, tem aqui uma ovelha sempre pronta para ajudar o seu/nosso rebanho.

Para o meu anterior Bispo, D. António Marcelino, penso que já falei anteriormente sobre ele e é reconhecidamente pública a minha posição relativamente a tão especial Pastor.
Um homem fabuloso, um mestre da escrita e um pensador exímio.
Que continue a iluminar-nos com o seu pensamento!
E vamo-nos vendo por aí, D. António Marcelino, obrigado por tudo.

Rezo pelos dois, que o Espírito de Deus os abençõe com a sua infíma graça!

D. António Francisco dos Santos entra na diocese em 8 de Dezembro


Por solicitação da Nunciatura Apostólica em Portugal, a Agência ECCLESIA informa que o Papa Bento XVI nomeou como novo Bispo de Aveiro D. António Francisco dos Santos, até agora Bispo Auxiliar de Braga.
Bento XVI aceitou a renúncia do governo pastoral da Diocese de Aveiro, apresentada por D. António Marcelino, dado este ter completado o limite de 75 anos de idade (em conformidade com o cân. 401, parágrafo 1, do Código de Direito Canónico).
D. António Francisco dos Santos foi nomeado Bispo Auxiliar de Braga por João Paulo II a 21 de Dezembro de 2004. Na Conferência Episcopal Portuguesa tem a responsabilidade de presidir à Comissão Episcopal para as Vocações e Ministérios.
O novo Bispo de Aveiro é natural da Freguesia e Paróquia de Tendais, Concelho de Cinfães, Diocese de Lamego. Nasceu a 29 de Agosto de 1948, filho de Ernesto Francisco (já falecido) e de D. Donzelina dos Santos.
Frequentou a Escola Primária de Tendais, Cinfães, de 1955 a 1959; ingressou no Seminário Menor Diocesano de Resende, em 1959 e concluiu o Curso Superior de Teologia no Seminário Maior de Lamego em 24 de Junho de 1971.
Foi ordenado Diácono em 22 de Agosto de 1971 e fez estágio Pastoral na Paróquia de S. João Baptista na Vila de S. João da Pesqueira.
O Arcebispo D. António de Castro Xavier Monteiro ordenou-o sacerdote na Catedral de Lamego, a 8 de Dezembro de 1972. Foi então nomeado coadjutor da Paróquia de S. João Baptista de Cinfães de 8 de Dezembro de 1972 até Junho de 1974.
Em Julho de 1974 foi enviado para Paris para continuar os estudos de Filosofia e Sociologia. Concluiu a Licenciatura de Filosofia na Faculdade de Filosofia do Instituto Católico de Paris, em 1977, e o Mestrado em Filosofia Contemporânea, na mesma Faculdade em 1979. Foi aluno da Escola Prática de Altos Estudos em Ciências Sociais e do Centro Nacional de Investigação Científica de Paris (C.N.R.S.), onde obteve o Diploma de Sociologia Religiosa.
Durante estes anos de estudos em Paris, foi membro da Equipa Sacerdotal da Paróquia de S. João Baptista de Neuilly-sur-Seine, assumindo a responsabilidade Pastoral da Comunidade Portuguesa Emigrante.
De volta a Portugal foi nomeado Professor e membro da Equipa Formadora do Seminário Maior de Lamego, desempenhando cumulativamente as funções de Secretário e Ecónomo do mesmo Seminário. Foi ainda membro do Conselho de Presbíteros e vice-Reitor do Seminário Maior de Lamego, de 1986 a 1991.
A 19 de Março de 1991 é investido como Cónego Capitular da Sé de Lamego. Em Setembro deste mesmo ano é nomeado delegado Episcopal para a Formação do Clero, Responsável da Pastoral Universitária da Cidade, Secretário Diocesano da Pastoral das Migrações e Membro da Equipa Sacerdotal da Paróquia de Santa Maria Maior de Almacave.
Da sua acção na Diocese de Lamego destacam-se ainda a passagem como Chefe de Redacção no Jornal Diocesano “Voz de Lamego”, de 1992 a 1998; a 13 de Abril é nomeado Vigário Episcopal do Clero; foi Pró-Vigário Geral da Diocese entre 20 de Janeiro de 1996 e 2 de Dezembro de 1998; presidiu ao Centro de Promoção Social Rural de Lamego e foi irector Espiritual Diocesano do Movimento dos Cursos de Cristandade.
A 19 de Março de 2000 é nomeado Pró-Vigário Geral da Diocese de Lamego; membro da Equipa Sacerdotal da Paróquia de Santa Maria Maior de Almacave; professor do Instituto Superior de Teologia do Núcleo Regional das Beiras da Universidade Católica Portuguesa; conselheiro Espiritual das Equipas de Nossa Senhora; vice-Presidente da Associação de Ajuda Mútua do Clero de Lamego (Fraternidade Sacerdotal); e membro da Direcção da ASEL – Associação dos Antigos Alunos dos Seminários de Lamego;
A 21 de Dezembro de 2004 foi nomeado Bispo titular de Meinedo e Auxiliar da Arquidiocese de Braga, por João Paulo II. Foi ordenado Bispo, na Sé de Lamego, a 19 de Março de 2005.


in agencia ecclesia

foto: Correio do Vouga

sexta-feira, setembro 15, 2006

"Verdade Inconveniente"

Como estou com pouco tempo para a escrita devido a um "super-exame" que irei realizar para a semana, aqui fica a reprodução de um texto que vi num blog e que reproduz um pouco daquilo que também já tinha pensado em escrever devido à critica que já ouvi acerca do filme.
Espero sinceramente que daqui a uma semana já tenha tempo para escrever muito regularmente aqui, se isso acontecer é porque o exame correu bem :).

"Tive oportunidade de assitir ontem à ante-estreia do filme-documentário "Verdade Inconveniente", cuja projecção nos cinemas se iniciará amanhã. Aconselho vivamente que vejam esta obra e que a recomendem ao maior número de pessoas. Reproduzo o testemunho dado no local pelo Secretário de Estado do Ambiente, membro do Governo português encarregado de acompanhar a agenda das mudanças climáticas: "Já conhecia esta informação mas não tinha a noção da rapidez com que a situação evolui." É verdadeiramente assustador! Al Gore, o ex-Vice-Presidente e candidato presidencial norte-americano, autor e apresentador do documentário, confronta-nos com dados científicos incontestáveis e aponta para uma janela muito reduzida de intervenção - talvez menos de 10 anos - antes da sobrevivência da nossa civilização ser posta em causa."

Aqui fica uma amostra:

sábado, setembro 09, 2006

V Simpósio do Clero - 1º parte


Pois é meus caros, como deve ser do conhecimento de alguns, realizou-se nesta semana que agora acaba o “V Simpósio do Clero” Português, em Fátima. Vou tentar em 2/3 posts falar acerca de algumas coisas que por lá se debateram e reflectiram porque sinceramente considero este tipo de reuniões importantes demais para passarem em branco, como normalmente acontece.
Vou começar não pelo inicio como deveria ser natural e normal, mas por um parágrafo que achei deveras interessante o que foi redigido, aqui vai:

"No dia 6 de Setembro de 2006 o simpósio avaliou a realidade dos conselhos paroquiais e dos conselhos presbiterais. Foi notada a desilusão perante a situação presente dos mesmos, mas não deixaram de ser pensados na respectiva origem como organismos de comunhão e de corresponsabilidade, e não como sindicatos, montras, adereços, ou espaços para fazer funcionar ou obter uma maioria. São espaços de teste da própria comunhão eclesial. Foram apresentados casos particulares. Por eles foi salientada a necessidade da paciência, da boa preparação dos mesmos, da exigência de serem espaços intelectualmente habitáveis e eticamente responsáveis onde é possível a contínua negociação e onde a comunidade cristã é construída. Por isso, não são meros órgãos consultivos. São espaço privilegiado de concertação que não deve tanto fazer mas pensar a consciência crítica e o modelo morfológico da comunidade." in agencia ecclesia

Os Padres Inquietos questionam o porquê de se notar tanta desilusão. Eu também tenho de confessar que a primeira questão que me ocorreu foi precisamente essa, porquê tanta desilusão que o clero português registou? Outras mais se podem fazer, mas é precisamente nesta questão que poderemos reflectir um pouco.

Como é sabido a grande maioria dos católicos pouca ou nenhuma formação da área religiosa possui, já não falando claro de formação teológica mais básica. E para ajudar, pouco ou nada lêem acerca das temáticas relacionadas com as razões da sua fé. Preferem ler um bom “Código Da Vinci” a ter de ler um simples mas fabuloso “O Príncipe e a lavadeira” de Nuno Tovar de Lemos (Ed. Tenacitas). Já para não falar de quem são as pessoas que compõem os ditos conselhos paroquias? Salvo raras excepções (graças a Deus a minha paróquia é uma delas), a grande maioria dos conselhos paroquias é composta pela Ti Maria que limpa a Igreja, pela Dª Gertrudes que é catequista das criancinhas e ajuda o padre nas “coisas da igreja”, pelo Sr. Zé, o sacristão de serviço, reformado e já “cheio de missas”, etc. Isto claro, quando estes existem, pois pelo que me é dado a perceber por conversas que vou mantendo com colegas das mais variadas regiões do país, uma grande parte das paróquias do interior nem sequer conselho paroquial possuem.
Portanto é muito natural que os conselhos paroquiais pouco ou nada dêem de novo para as suas paroquias, ou porque a formação dos católicos é escassa ou porque a formação desses mesmos conselhos é feita por “quem quer vir a uma reunião na igreja?” ou ainda porque não existem, dado que só “serviam para me chatear” como já ouvi dizer que alguns Srs. Padres respondem.
Sinceramente acho que o clero (excluindo as honrosas excepções) não pretende pedir opinião acerca da vida das suas paróquias, é a lei do quero posso e mando. Mais uma vez ressalvo que a minha paróquia é uma excelente excepção, dado que até conselho permanente possui, coisa que quase nenhuma tem. E depois queixam-se assim em público que os conselhos paroquias são uma desilusão, não servem para nada, são perda de tempo, eles (leigos) não percebem nada disto do que é a Igreja, etc.
Pessoalmente acho os conselhos paroquias OBRIGATÓRIOS em todas as paróquias para que estas possam crescer devidamente e ordenadamente. Onde tem de haver espaço de reflexão, debate sobre todos os temas que interagem com a comunidade paroquial e devem ser constituídas reflexões que serão tidas em conta pela equipa sacerdotal, apesar de claro está, estas não terem um vínculo obrigatório, serem somente de aconselhamento. Duvido então que existam comunidades em que não exista conselho paroquial e me digam que funcionam bem, porque é precisamente neste espaço que todos possuem pela sua condição de baptizados o direito e o dever de contribuir para o crescimento da sua comunidade.
Concluindo, é preciso que o clero se convença que os leigos poderão ser uma enorme ajuda na construção de uma comunidade saudável e que como os discípulos de Emaús, caminhe ao lado do Mestre para a construção de um mundo melhor, onde todos tenham espaço e sejam felizes no encontro com Cristo vivo.

Enfim, coisas da vida …

terça-feira, setembro 05, 2006

As férias já foram

“O senhor António Fiúza [presidente do Gil Vicente] foi ouvido [na RTP 1] cerca de uma hora, o que é espantoso, porque um grande escritor português que publique a sua última obra nem sequer pode ter dez minutos para falar. Nem sequer um minuto.”

De Eduardo Prado Coelho, em “O Fio do Horizonte”, no “Público” de hoje 5/9/06

E não é que o Sr. Prado Coelho tem razão ? !!!

"ai Portugal, Portugal, de que é que tu estás à espera"?

Com o encerramento da chamada "silly season", voltamos de novo ao "maravilhoso mundo novo" ? antes fosse, voltamos isso sim ao maravilhoso mundo "normal" com tudo aquilo que nós damos e recebemos dele.
Voltei de férias, mas ... infelizmente continuo cansado, ou melhor, saturado é a palavra correcta.


Enfim, coisas da vida...

quarta-feira, agosto 09, 2006

Pensamento ridículo

"A religião é um insulto à dignidade humana. Com ou sem ela teríamos pessoas boas fazendo o bem e pessoas más fazendo o mal. Mas para pessoas boas fazerem coisas más é necessário a religião".
Steven Weinberg, prémio Nobel de Física.

O que acham deste frase proferida por um homem inteligente?
Vá lá, não tenham medo - digam de vossa justiça.

Já agora, em jeito de informação complementar:
Steven Weinberg (3 de Maio de 1933 - ) é um físico dos Estados Unidos da América. Recebeu em 1979 o Prêmio Nobel de Física pelo seu trabalho de unificação de duas forças fundamentais da natureza (o electromagnetismo e a força fraca, através da formulação da teoria da força electrofraca), em conjunto com os seus colegas Abdus Salam e Sheldon Glashow. Em 1991 foi agraciado com a National Medal of Science. Seu livro "Os três primeiros minutos" é um relato clássico do big-bang. É membro da Royal Society of London, da U.S. National Academy of Science, e recebeu numerosos títulos honorários, mais recentemente nas universidades de Columbia, Salamanca e Pádua.

Enfim, coisas da vida ...

segunda-feira, agosto 07, 2006

3 euros ?

Um menino, com voz tímida e os olhos cheios de admiração, perguntou ao pai, quando chega a casa do trabalho:
- Quanto ganha o pai por hora?
O pai, num gesto severo, respondeu:
- Escuta aqui meu filho, isso que perguntas nem a tua mãe sabe. Não me aborreças... estou cansado.
Mas o filho insiste:
- Mas, pai, por favor, diga-me quanto ganha por hora.
A reacção do pai foi menos severa e acabou por responder:
- Três euros por hora.
- Então poderia emprestar-me um euro?
O pai, cheio de ira, e tratando o filho com brutalidade, respondeu:
- Então, é essa a arazão de quereres saber quanto eu ganho. Vai dormir e não me aborreças mais.
Já era noite, quando o pai começou a pensar no que havia contecido e sentiu-se culpado. Talvez, quem sabe, o filho precisasse de comprar algo importante para ele.
Querendo descarregar a sua consciência dorida, foi até ao quarto do menino e, em voz baixa, perguntou:
- Filho, estás a dormir?
- Não, pai - respondeu o garoto sonolento e choroso.
- Olha, aqui está o dinheiro que me pediste: um euro.
- Muito obrigado, pai! - disse o filho levantando-se e retirando mais dois euros de uma caixinha que estava junto da cama.
- Pai, agora já completei!... Tenho três euros! Poderia vender-me uma hora do seu tempo?

Por vezes coloco "coisas" no meu blog, apenas para que não me esqueça delas e porque sei que ficam memorizadas e eternizadas neste meu pequeno espaço. Neste caso para que nunca me esqueça de guardar tempo para o meu filhote e para a minha mulher. AMO-VOS MUITO !!!

Enfim, coisas da vida !

sexta-feira, agosto 04, 2006

Entrevista: “Não vejamos no outro um inimigo, mas sim um ser igual a nós”

Entrevistámos António Marcelino, Bispo de Aveiro, a propósito do lugar da igreja católica na sociedade actual. A importância do voluntariado como novo símbolo de prática cristã no mundo actual e a posição da igreja face a alguns assuntos que a sociedade denomina de dogmas, foram alguns dos assuntos abordados.

"Os pais, ainda que perturbados, querem o melhor para os seus filhos"
Moliceiro.com - A diocese de Aveiro tem muitos crentes?

António Marcelino (AM) - A prática religiosa tem sempre um índice que podermos apreciar. Há muita gente que tem prática religiosa de culto, mas muito menos que no passado, principalmente nas faixas etárias mais jovens. Contudo, a diocese de Aveiro tem uma prática religiosa habitual. É uma região do país de grande marca cristã. No baptismo atinge quase cem por cento. Na prática dominical anda à volta dos 30 por cento. O que é bom no conjunto do país. Há muitos fenómenos, que explicam esta diminuição. Hoje em dia há menos casamentos, mesmo civis. Há mais uniões de facto. O matrimónio requer um sentido de estabilidade, que advém das pessoas que o constituem, dos filhos que geram, do contexto em que vivem. Mas há vários índices positivos da prática da vida cristã. Actualmente há mais gente empenhada apostolicamente. Aumentou o número de voluntários ao serviço da igreja, em todos os aspectos. E isso é um dado religioso que muitas vezes as pessoas não se apercebem. O voluntariado é uma força que está na sociedade, por isso gosto de o sublinhar, porque comprova que a prática religiosa não é só ir à missa.
Moliceiro.com - Isso significa que, embora, as pessoas estejam afastadas das práticas religiosas, optam por dedicar o seu tempo a ajudar os outros?

AM - As pessoas que vão à missa também são voluntárias. Agora há outras pessoas voluntárias que não têm prática cultoal (de ir culto), mas que descobriram outra dimensão religiosa nas suas vidas que é fazer bem aos outros.
Moliceiro.com - Estas mudanças estão ligadas a um mundo actual?

AM - Nós podemos encontrar sempre muitas razões. Todas elas não sendo exclusivas, são complementares. É evidente que quando pensamos na ocupação da mulher com o horário profissional, temos que compreender muitos dos aspectos que antes eram habituais, como é o caso do culto religioso. Por outro lado, a sociedade actual é secularista, laicista, facilitadora. Tudo de passagem, nada definitivo. A acção religiosa é permanente na vida de pessoas coerentes e com motivações e é um problema para os mais novos, cada vez mais dispersos e com um maior leque de informação.
Moliceiro.com- Há, por isso menos crianças a seguir a catequese?

AM - Isso não. Os pais, ainda que perturbados, querem o melhor para os seus filhos. As nossas catequeses não diminuíram o número de crianças. Os pais querem mesmo que elas sigam a catequese. Os que não o fazem são uma minoria implementada nas. Isso pode acontecer nas maiores cidades. A grande maioria dos pais, mais de 90 por cento, opta por educar os filhos na catequese.

Crise de vocação religiosa?
Moliceiro.com - E os jovens aderem muito a grandes encontros católicos.

AM - O mundo dos jovens é mais religioso do que se possa imaginar. É um mundo simbólico, momentâneo, de entusiasmo. Por isso, as multidões. Os jovens cultivam-se em grupos e exprimem as suas próprias opções em multidão. Não quer dizer que todos tenham igual convicção e que voltem de lá convertidos. O fenómeno da conversão é lento, desenvolve-se passo a passo. Os jovens que cresceram marginais à igreja, mantêm essa marginalidade, ou até se vão reencontrando. Há outros que crescem no seio da igreja e que se vão afastando, por razões meramente pessoais, grupo de amigos, factores de ordem ideológica.
Moliceiro.com - Os grupos de jovens podem ser considerados locais de ocupação de tempos livres e de encontro com amigos?

AM - Os jovens de hoje não precisam muito de ter encontros organizados pela igreja para poderem conviver. O mundo da sua convivência vai desde a discoteca ao café. É um muito variado. Quando ando em visitas pastorais e faço encontros com os jovens, costumo falar com eles de assuntos diversos e não só sobre a igreja. Ouço os problemas que os preocupam e tento orientá-los e motivá-los.
Moliceiro.com - Será que encontram ali a compreensão e atenção que falta em casa?

AM - Muitas vezes acontece isso. Os jovens têm crises variadas e as mais inesperadas. Uma crise religiosa num jovem pode vir de uma desilusão amorosa. O problema que enfrentam naquele momento parece que vai acabar com o mundo. O importante é que os jovens tenham alguém que os possa ajudar, aconselhar e mostrar que a vida tem sempre dificuldades, para que possa ter êxito. Nesse aspecto, escolas como o escutismo são muito importantes, na aprendizagem em comum, no trabalho de equipa e no desenvolvimento do espírito pela natureza.
Moliceiro.com - E quanto à vocação religiosa. Há mais jovens a seguir este caminho?

AM - A tradição da igreja do ponto de vista de vocações começava em crianças. Eu fui para o seminário com 12 anos. Hoje só recebemos no seminário a partir do 10º ou 12º anos, ou até já com curso feito. Tenho um exemplo de um seminarista, que já tirou o curso de História há uma série de anos e está agora a seguir teologia. Actualmente, Há uma paisagem de compreensão dos problemas vocacionais diferente. Não temos de estranhar a dificuldade e a diminuição dos jovens na vida sacerdotal ou religiosa, porque o mesmo acontece relativamente à ordem matrimonial. O matrimónio também é uma vocação, porque exige cuidados, disposições para o diálogo, compreensão e partilha. Factores que a sociedade de hoje não tem. Noivos, casados há pouco tempo separam-se logo de seguida. Esta superficialidade do mundo actual leva as pessoas a ter dificuldade em considerar vocações que têm um sentido de permanência. No mundo do emprego encontramos pessoas que já passaram por vários sítios voluntariamente. Outras têm uma formatura e decidem seguir outra diferente. A instabilidade ou a pluralidade de opções leva a que muitas pessoas tenham sempre dificuldade em se dar ao permanente.
Moliceiro.com - A sociedade coloca muitas culpas aos “dogmas” da igreja. Alguns jovens afirmam querer ser padres e não o fazem devido às exigências do cellibato.

AM - Quando uma pessoa tem convicções profundas, não tem medo de nada. Quando não tem convicções profundas, começa a ter dificuldades e medos. Se a pessoa sabe que a sua opção sacerdotal é uma opção de fé, ela avança, enfrentando as dificuldades. Quando a sua escolha tem tantos receios e questões, significa que a grande motivação para o sacerdócio ainda não existe. A questão não está no facto de ser ou não padre, poder ou não casar, mas sim de entregar a minha vida toda ao serviço dos outros, sem outra consciência e responsabilidade que não seja o compromisso para com eles. Certamente que as pessoas não compreendem assim, porque o problema daqueles que não vão para a frente por força da exigência do celibato, é sinal que o sacerdócio ainda não os apaixonou. O sacerdócio não é uma realização meramente pessoal, é um dom que sente e se entrega aos outros. Isso compensa tudo. Podemos enfrentar dificuldades, mas passar um dia inteiro ao serviço do próximo é uma coisa maravilhosa.

"As pessoas negam-se ao diálogo facilmente"
Moliceiro.com - As pessoas já não aceitam o ponto de vista católico?

AM - Hoje em dia, cada pessoa acha que tem sempre razão naquilo que quer e naquilo que diz e não aceita qualquer espécie de confronto. Por isso, a sociedade é pobre. Ser tolerante é respeitar as opiniões e somá-las para nos enriquecermos. As pessoas negam-se ao diálogo facilmente. Isto significa a perda de uma das dimensões mais fundamentais da sociedade - a relação.
Moliceiro.com - Mas a sociedade acusa a igreja de não mudar de opinião relativamente a certas questões?

AM - E eu pergunto: porque é que discutem mais as coisas da igreja? Porque se vão a uma repartição, podem dizer o que quiserem, mas têm de cumprir a lei. Na igreja não é assim. A igreja não dá sanções. É mais dialogante. Tudo o que é mudança para mais comodidade, é bom, quando não, é mau. A igreja não tem que mudar o essencial, porque este não muda, mas sim a linguagem para as pessoas perceberem o que é essencial e imutável.
Moliceiro.com - Acha que as pessoas vão voltar a aproximar-se da igreja católica?

AM - Há sempre possibilidade. A pessoa humana é o mais misterioso dos seres.
Moliceiro.com - Significa então que “as pessoas só se lembram de Santa Bárbara quando troveja”?

AM - Isso também corresponde ao que é o dia-a-dia. Eu só vou ao médico quando tenho uma dor. As situações são sempre apelos a determinado tipo de manifestações. Há muitas pessoas que não vão à missa, mas quando chega a altura de organizar as festas religiosas, são as primeiras a oferecer-se. Porque querem que a tradição se mantenha. O mundo religioso é misterioso e temos sempre que acreditar. E Deus dá ocasiões às pessoas para se encontrarem. Conheço pessoas que jamais tinham pensado em ir à igreja, e hoje vão, por uma doença, desastre, ou por conversa com um amigo. Quem diz que isso não pode acontecer até ao fim. O apelo de Deus faz parte da nossa própria natureza e não se apaga.
Moliceiro.com - Que mensagem gostaria de deixar para o ano de 2006?

AM - Os anos são todos iguais. Somo nós que os construímos. Há anos que trazem desastres naturais e as pessoas sobrevivem. O que eu digo às pessoas é: estejam vivas no tempo. Não deixem que o lugar que ocupam seja ocupado por outros. O bem comum constrói-se com esforço. Todos temos muito de bom, mas é preciso desenvolver. Olhemos uns para os outros sem preconceitos. Demos a mão sem preconceitos. Não vejamos no outro um inimigo, mas sim um ser igual a nós. Dar a mão ao outro não significa que concordamos com tudo o que ele diz e faz. É importante a sua pessoa, do que a sua opinião ou atitude

retirado do site: http://www.moliceiro.com/
em 28.7.2006

Transcrevo aqui na integra a entrevista que o Bispo de Aveiro, D. António Marcelino deu à rádio Moliceiro. Destaco uma frase que acho relevante e de uma importância extrema "A igreja não tem que mudar o essencial, porque este não muda, mas sim a linguagem para as pessoas perceberem o que é essencial e imutável.".
Se olharmos e estudarmos bem esta frase poderemos verificar que é precisamente esta acção evangelizadora com nova linguagem e novos métodos que é necessária fazer na sociedade actual.
Uma grande entrevista (apesar de pequena) a um grande homem e um enorme pensador e pastor da Igreja em Portugal. Bem haja, D. António Marcelino.

Enfim, coisas da vida ...

sexta-feira, julho 21, 2006

Sentimento de dor e gratidão

Soube agora mesmo da morte de uma pessoa que já considerava minha amgia, apesar de com ela ter convivido pouco tempo. Já nos tinhamos falado várias vezes em assuntos de índole diocesana, mas conhecia pessoalmente e amigamente para a preparação do dia diocesano 2006. Sinceramente fiquei marcado pela sua disponibilidade, amizade, companheirismo, entrega, alegria e vontade de mudar o mundo e esta "Igreja" da qual todos fazemos parte.
Quando me telefonaram a comunicar fiquei sem palavras e ainda tenho o estomago a fazer aquele "nó".
Claro que estou transtornado e triste pela perda de um amigo e de uma pessoa que muito tem dado à Igreja, mas e principalmente à sua família (mulher e filhos), também eles empenhados na sociedade.
Por outro lado dou graças a Deus pela sua presença marcante na minha vida e rezo para que Lhe dê a vida pela qual todos "lutamos" - a vida eterna. Que tenho a certeza que o Urbano já se encontra a cuidar desta Igreja que ele deixou físicamente, mas que espiritualmente continuará a lutar para que ela mude e seja mais humana e mais solidária com todos.

Para a família (Elisa e filhos) deixo aqui os meus mais sinceros pêsames, e que a graça de Deus na sua infinita bondade os abençoe, os ilumine e lhes dê força para continuar - FORÇA !!!

Por tudo isto e muito mais que poderia dizer,

Obrigado Urbano um adeus e até breve ;)

Enfim, coisas da vida ....

terça-feira, julho 18, 2006

Tribunal decide hoje se pedófilos podem criar partido político

Holanda (Haia), 17 Julho.
Um tribunal do distrito de Haia decide hoje se um grupo de pedófilos assumidos tem o direito a formar um partido político, no mais recente teste à tolerância na Holanda.
Oponentes à formação do partido pediram ao Tribunal do distrito de Haia para não deixar o partido apresentar-se às próximas eleiçõeslegislativas, marcadas para 22 de Novembro, alegando que as crianças têm o direito a não ser confrontadas com a existência do partido.
O PNVD, iniciais para Amor Fraternal, Liberdade e Diversidade, defende a legalização de relações sexuais entre adultos e crianças com mais de 12 anos.
O anúncio da existência do partido em Maio último gerou uma onda de revolta, mas o ministério Público recusou acusar os membros doPNVD alegando que esta decisão poderia constituir uma ameaça à ordem pública.
Um advogado dos oponentes do PNVD, Anke de Wijn, defendeu que os pedófilos estão a abusar da tolerância holandesa.Qualquer que seja a decisão de hoje do Tribunal distrital deHaia, o partido não parece ter hipóteses de obter um lugar que seja no Parlamento porque, segundo as sondagens, não obteria mais que1.000 votos, muito aquém dos 60.000 votos necessários para a eleição de um deputado no Parlamento holandês.
A idade mínima legal de consentimento de relações sexuais de crianças com adultos varia conforme os países, sendo na Holanda e na maioria dos países da União Europeia de 16 anos.
No Canadá, por exemplo, a idade permitida é de 14 anos.
Noticia: Agência Lusa
E depois disto, o que é que se seguirá? um partido de assassinos, pedindo a legalização da morte por assassinato? um partido de ... sei lá ! Sinceramente ainda estou sem palavras para classificar tamanha aberração. Mas por outro lado, vindo da Holanda quase já nada me espanta. Quem semeia ventos, colhe tempestades. Já diz o povo.
Enfim, coisas da vida ...

segunda-feira, julho 17, 2006

Oração de um menino...

Um menino meditando enquanto rezava, concluiu:
Senhor, esta noite te peço algo especial…
Me transforme em um televisor.
Queria ocupar seu lugar.
Queria viver o que vive a TV da minha casa.
Ter um quarto especial para mim e reunir todos os membros de minha família ao seu redor.
Ser levado a sério quando falo.
Poder ser o centro das atenções, que todos querem escutar sem interromper nem questionar. Queria sentir o cuidado especial que recebe a TV quando algo não funciona...
E ter a companhia de meu Pai quando ele chega em casa, mesmo que esteja cansado do trabalho. E que minha Mãe me busque quando estiver sozinha e aborrecida, em vez de ignorar-me.
E ainda que meus irmãos “briguem” para estar comigo...
E que possa divertir a todos, mesmo que às vezes eles não digam nada.
Queria viver a sensação de que deixassem tudo para passar alguns momentos ao meu lado.
Senhor, não te peço muito.
Só viver o que vive qualquer televisor...
(autor desconhecido)

Como eu queria conhecer este autor, que para mim é um autêntico mestre e sábio.

Enfim, coisas da vida ...

terça-feira, maio 30, 2006

Visita do Papa Bento XVI à Polónia

Inicio do discurso do Papa Bento XVI em pleno campo de concentração de Auschwitz, na sua visita à Polónia - Maio de 2006.
"É quase impossível falar neste lugar de horror, onde se acumularam crimes contra Deus e a Humanidade sem paralelo na História - e é especialmente difícil para um cristão, um Papa que vem da Alemanha.Neste lugar, as palavras faltam e só nos resta um silêncio escandalizado. Um silêncio que é um grito interior para Deus: Porque é que ficaste em silêncio? Porque é que conseguiste suportar tudo isto?Neste silêncio, curvamo-nos interiormente perante a multidão incontável de pessoas que aqui sofreram e morreram; este silêncio transforma-se em clamor de perdão e reconciliação, um pedido a Deus, para que não deixe que isto se repita."

Que grande senhor, este Papa! Surpreendeu-me e continua a surpreender-me todos os dias.
Que Deus o abençõe.

Enfim, coisas da vida!
Lilypie First Birthday tickers Lilypie