Pretendo que este espaço virtual seja um ponto de encontro de pessoas que se sentem mais ou menos tocadas pela vida, e que haja respeito por todas as opiniões e acima de tudo abertura para se escrever sobre tudo, mesmo tudo.
quarta-feira, dezembro 07, 2005
Madre Teresa de Calcutá
"Não posso dar-me ao luxo da política. Fiquei 5 minuntos a escutar um político e morreu-me 1 velhinho em Calcutá. "
Madre Teresa de Calcutá
enfim, coisas da vida ...
segunda-feira, novembro 28, 2005
Um questão de consciência ...
Às vezes sinto dúvidas se não estarei a trocar alguns valores como estes que passo a publicar. Escrito por Èlio Fraga:
"O pai moderno, muitas vezes perplexo, aflito, angustiado, passa a vida inteira correndo atrás do futuro e se esquecendo do agora. Na luta para edificar este futuro, ele renuncia ao presente. Por isso, é um homem ocupado, sem tempo para os filhos, envolvido em mil actividades — tudo com o objectivo de garantir o seu amanhã. É com que prazer e orgulho, a cada ano, ele preenche sua declaração de bens para o Imposto de Renda. Cada nova linha acrescida foi produto de muito esforço, muito trabalho. Lote, casa, apartamento, — tudo isso custou dias, semanas, meses de luta. Mas ele está sedimentando o futuro da sua família. Se ele parte um dia, por qualquer motivo, já cumpriu sua missão e não vai deixar ninguém desamparado. E para ir escrevendo cada vez mais linhas na sua relação de bens, ele não se contenta com um emprego só — é preciso ter dois ou três; vender parte das férias, em vez de descansar junto à família; levar serviço para fazer em casa, em vez de ficar com os filhos; e é um tal de viajar, almoçar fora, discutir negócios, marcar reuniões, preencher a agenda — afinal, ele é um executivo dinâmico, faz parte do mundo competitivo, não pode fraquejar.
No entanto, esse homem se esquece de que a verdadeira declaração de bens, o valor mais alto, aquele que efectivamente conta, está em outra página do formulário do Imposto de Renda — mais precisamente, naquelas modestas linhas, quase escondidas, onde se lê “relação dos dependentes”. Aqueles que dependem dele, os filhos que ele colocou no mundo, e a quem deve dedicar o melhor de seu tempo. Os filhos são novos demais, não estão interessados em lotes, casas, salas para alugar, aumento da renda bruta — nada disso. Eles só querem um pai com quem possam conviver, dialogar, brincar.
Os anos vão passando, os meninos vão crescendo, e o pai nem percebe, porque se entregou de tal forma ao trabalho - vulgo construção do futuro - que não viveu com eles, não participou de suas pequenas alegrias, não os levou ou buscou no colégio, nunca foi a uma festa infantil, não teve tempo para assistir à coroação da menina — pois um executivo não deve desviar sua atenção para essas bobagens. São coisas de desocupados. Há filhos órfãos de pais vivos, porque estão “entregues” - o pai para um lado, a mãe para o outro, e a família desintegrada, sem amor, sem diálogo, sem convivência. E é esta convivência que solidifica a fraternidade entre os irmãos, abre seu coração, elimina problemas, resolve as coisas na base do entendimento.
Há irmãos crescendo como verdadeiros estranhos, porque correm de um lado para o outro o dia inteiro — ginástica, natação, judo, balé, aula de música, curso de Inglês, terapia, lição de piano, etc. — e só se encontram de passagem em casa, um chegando, o outro saindo. Não vivem juntos, não saem juntos, não conversam — e, para ver os pais, quase é preciso marcar hora.
Depois de uma dramática experiência pessoal e familiar vivida, a única mensagem que tenho para dar — e que tem sido repetida exaustivamente em paróquias, encontros familiares, movimentos e entidades — é esta: não há tempo melhor aplicado do que aquele destinado aos filhos. Dos 18 anos de casado, passei 15 anos correndo e trabalhando, absorvido por muitas tarefas, envolvido em várias ocupações, totalmente entregue a um objectivo único e prioritário: construir o futuro para três filhos e minha mulher. Isso me custou longos afastamentos de casa, viagens, estágios, cursos, plantões no jornal, madrugadas no estúdio da televisão, uma vida sempre agitada, atarefada, tormentosa, e apaixonante na dedicação à profissão escolhida — que foi, na verdade, mais importante do que minha família. E agora, aqui estou eu, de mãos cheias e de coração aberto, diante de todos vocês, que me conhecem muito bem. Aqui está o resultado de tanto esforço: construí o futuro, penosamente, e não sei o que fazer com ele, depois da perda do Luiz Otávio. De que valem casa, carros, sala, lote, e tudo o mais que foi possível juntar nesses anos todos de esforço, se ele não está mais aqui para aproveitar isso com a gente? Se o resultado de 30 anos de trabalho fosse consumido agora por um incêndio, e desses bens todos não restasse nada mais do que cinzas, isso não teria a menor importância, não ia provocar o menor abalo em nossa vida, porque a escala de valores mudou, e o dinheiro passou a ter um peso mínimo e relativo em tudo. Se o dinheiro não foi capaz de comprar a cura e a saúde de um filho amado, para que serve ele? Para que ser escravo dele? Eu trocaria — explodindo de felicidade — todas as linhas da declaração de bens por uma única linha que eu tive de retirar, do outro lado da folha: o nome do meu filho na relação dos dependentes. E como me doeu retirar essa linha, na declaração de 1983, ano-base de 82."
Enfim, coisas da vida ...
terça-feira, novembro 15, 2005
Uma refelxão séria
Não será este um dos grandes problemas da nossa Igreja actual?
Olharmos para fora e esquecermos como somos por dentro?
O mundo cá dentro
"Num tempo em que decorre em Lisboa a terceira sessão do Congresso Internacional para a Nova Evangelização, valeria a pena dirigir esse objectivo para os próprios cristãos. Pensar a evangelização como destinada à conversão do mundo descrente e como privilégio de cristãos cientes da imensidão da sua fé, é um tremendo equívoco. São os cristãos os primeiros a precisar de se reconverter permanentemente à radicalidade do Evangelho e a fazê-lo em diálogo com este mundo. Amando-o e não ensinando-o."
in http://palombellarossa.blogspot.com/
Acho que vale a pena pensarmos e discutirmos esta temática que é tão importante e, em minha opinião, vital para o futuro da Igreja ...
Enfim, coisas da vida ...
segunda-feira, novembro 14, 2005
A força de Fátima
in http://dn.sapo.pt/2005/11/14/opiniao/a_forca_fatima.html
enfim, coisas da vida ...
quarta-feira, novembro 09, 2005
A FRASE
José Manuel Fernandes, PÚBLICO, 8-11-2005
Enfim, coisas da vida ...
terça-feira, novembro 08, 2005
frase do dia
enfim, coisas da vida ...
quarta-feira, outubro 19, 2005
Professor ateu
Ele perguntou a um dos estudantes:
- Tomás, vês a árvore lá fora?
- Sim, respondeu o menino.
O Professor voltou a perguntar:
- Vês a Relva?
E o menino respondeu prontamente:- Sim.
Então o professor mandou Tomás sair da sala e lhe disse para olhar pra cima e ver se ele viu o céu.
Tomás entrou e disse:- Sim, professor, eu vi o céu.
- Viste a Deus? Perguntou o professor.
O menino respondeu que não.
O professor, olhando para os demais alunos disse:
-É disso que eu estou falando! Tomás não pode ver a Deus, porque Deus não está ali !Podemos concluir então que Deus não existe.
Nesse momento Pedrinho se levantou e pediu permissão ao professor para fazer mais algumas perguntas a Tomás.
- Tomás,vês a relva lá fora?
- Sim.
- Vês as árvores?
- Sim.
- Vês o céu?
- Sim.
- Vês o professor?
- Sim.
- Vês o cérebro dele?
- Não - disse Tomás.
Pedrinho então, dirigindo-se aos seus companheiros, disse:
- Colegas, de acordo com o que aprendemos hoje, concluímos que o professor não tem cérebro.
Enfim, coisas da vida ...
sexta-feira, outubro 14, 2005
Castro pide ayuda a la Iglesia para frenar la creciente «plaga» de abortos en Cuba

El cardenal Bertone revela los detalles de su largo encuentro con el dictador comunista el pasado martes
Es una noticia insólita que el cardenal Tarsicio Bertone ha revelado al diario «La Stampa»: Fidel Castro les ha pedido «ayuda para combatir la plaga de abortos, que es una de las causas de la crisis demográfica y una consecuencia del turismo sexual».
Roma- El cardenal visitó La Habana la semana pasada, acompañando a los dos obispos genoveses destinados por la Santa Sede para la diócesis de Santa Clara. Bertone aprovechó el viaje para entrevistarse con Castro, un encuentro que se produjo el 11 de octubre, se alargó por encima de las dos horas y se saldó con un intercambio de regalos. El purpurado portó una medalla de plata con el rostro de Juan Pablo II, regalo «oficial» de la Santa Sede para los jefes de Estado en los últimos tiempos. Castro correspondió a la ofrenda con una montaña de productos «Made in Cuba»: un centenar de cigarros puros, un cuadro de arte abstracto y una caja de botellas de ron.
Más apertura. Como impresión dominante, Bertone se trajo de Cuba el pesimismo de una nación que arrastra el escándalo del turismo sexual. «Es normal que Castro esté preocupado y yo me avergüenzo del comportamiento de algunos italianos en el extranjero». En la entrevista al diario «La Stampa», el purpurado aseguró que la Iglesia se ha ofrecido a colaborar para ayudar a la población y reconoció que al menos las libertades religiosas están mejorando. «Sobre el aborto y la baja natalidad, la Iglesia puede contribuir mucho en un país que a estas alturas está completamente abierto: un alto funcionario nos acogió en la puerta de la catedral y participó en la ceremonia. Han eliminado las cuotas de acceso al seminario, la ordenación de sacerdotes es libre, así como la elección de los fieles», explicó satisfecho. En su testimonio, Bertone describe a un Castro irreconocible, preocupado por los problemas de la Iglesia, por la salud de Benedicto XVI, por los avatares del Cónclave, un dictador que incluso «acogió en silencio mi bendición sobre su persona y el pueblo cubano». Además, el icono del comunismo caribeño habría dejado una sorprendente valoración de Benedicto XVI: «Es un Papa que me gusta. Una buena persona, algo que he entendido enseguida mirando su rostro, el rostro de un ángel». Castro habría pedido ante la delegación vaticana una visita del Papa a la isla, algo a lo que Bertone respondió haciendo hincapié en que el Pontífice tiene 78 años y limitará mucho los desplazamientos trasatlánticos. «El difunto Juan Pablo II tenía cincuenta y ocho años cuando inició su papado, pero este Pontífice tiene veinte más y son muchos quienes esperan su visita», explicó Bertone. En la Santa Sede se considera improbable que el Papa haga más de un viaje intercontinental por año.
Cal y arena. Por su parte, el purpurado llevó hasta Cuba nuevas señales de reconciliación entre la dictadura y la Santa Sede, cuyas relaciones diplomáticas cumplen setenta años en estas fechas. «Apreciamos la ayuda enviada a Venezuela a cambio de petróleo», explicó el cardenal, ofreciendo la dosis de arena que suele administrar la retórica vaticana para descargar después la pala de cal: «Lamentablemente, el cincuenta por ciento del turismo en la isla es sexual, una vergüenza. Ya va siendo hora de acabar con ella».
in La Razon de 14.10.2005Este tópico serve para demonstrar aos meus amigos pró-aborto que a temática do aborto contráriamente aquilo que querem fazer passar não tem ligação directa com a Igreja. Ou seja, passa muito para além das questões religiosas, tem isso sim a ver com questões de ética e moral social / pessoal.
Serve ainda para verificarmos que não é uma luta esquerda / direita.
enfim, coisas da vida
sexta-feira, outubro 07, 2005
Jesus Cristo era um homem como outro ?
Pelo facto de não haver fotografias de Cristo, "não se sabe se era bonito ou feio", lembra Carreira das Neves. "A Bíblia não descreve fisicamente os seus heróis, mas sabemos que, por volta dos 30 anos, Jesus era um homem cheio de saúde", diz. No entanto, para adivinhar os seus traços físicos, "basta pensar num judeu e num árabe, porque entre um e outro encontram-se os traços que terá tido", explica.
Um dos erros mais frequentes na descrição da sua vida é, de acordo com o teólogo, "a ideia de que era pobre". Isto porque "Jesus vivia no seio de uma família de classe média", afirma. O seu pai, José, terá mesmo sido carpinteiro "Trabalhava a madeira, um material mais digno do que o ferro."
Da infância e da juventude de Jesus Cristo não há registos. "O que sabemos é aquilo que aconteceu depois de completar 27 anos", conta Carreira das Neves. "É um facto que foi baptizado e discípulo de São João Baptista, e que continuou a sua obra depois de este ter sido preso", diz Carreira das Neves."
Do que há certeza é de que foi crucificado", avança o teólogo. Porque "todos os crucificados eram malditos, ele era um maldito, amaldiçoado por causa da nossa maldição, para retirar de nós o pecado", explica.
De acordo com Carreira das Neves, é também certo que Jesus Cristo foi flagelado "Condenaram-no por ser blasfemo, porque perdoou pecados, porque fez milagres ao sábado e porque era contra a lei do divórcio." Na base da sua condenação esteve também "o facto de ter pregado o reino de Deus". Por isso, "não foi condenado por ser malfeitor", assegura.
Carreira das Neves condena "tanto romance e tanta ficção" à volta da figura de Cristo. Na sua opinião, livros como o Código Da Vinci têm sucesso porque há neles "um Jesus feito à imagem e semelhança das pessoas". Essa procura não faz sentido, pensa o teólogo, que tece duras críticas aos livros de Paulo Coelho - escritor brasileiro, autor de Brida e O Alquimista -, por considerar que "não têm dignidade e que as pessoas que o lêem estão demasiado voltadas para um Deus feminino".
Ficção é também, na sua opinião, "o que se diz por aí das viagens que Jesus Cristo terá feito e dos anos que terá vivido no Nepal ou na China". Segundo Carreira das Neves, "não temos fontes que nos garantam que estudou ciência mágica, como se diz".
Os dados biográficos que existem de Cristo são poucos "As cartas de São Paulo são um dos registos mais fiéis que temos, mas São Paulo não se interessou pela pessoa histórica de Jesus, mas pela sua obra." Por essa razão, "não conseguimos dizer com certeza se era bonito, feio, inteligente, ou como era o seu cabelo".
Para explicar às crianças a vida de Jesus Cristo "é preciso muita pedagogia", considera Carreira das Neves. Isto porque "habitualmente só lhes falamos de coisas bonitas, não se fala de sangue nem de morte", explica. Assim, "não é raro celebrar um baptismo em que uma criança de três anos foge de perto dos pais para ir ver a imagem de Cristo morto e perguntar "Quem fez mal a este senhor?", diz. Para o teólogo, "os pais devem recorrer à criatividade para lhes explicar a morte de Cristo".
in jn online de 07.10.05
Enfim coisas da vida ...
terça-feira, outubro 04, 2005
Onde está o aborto?
António Rego in http://www.agencia.ecclesia.pt/noticia.asp?noticiaid=23625
Acho que este assunto está de volta à ribalta, será para nos distraírmos todos à volta do aborto e esquecermos os problemas reais do país?
Não é que a questão do aborto, seja de menor importância, antes pelo contrário - deve ser dado o máximo interesse e estudo aprofundado - mas no entanto acho que o país atravessa uma crise profunda ao qual os nossos políticos se esquecem de debater e passar para a acção no terreno.
Enfim coisas da vida ...
De volta ao CyberEspaço
Bem hajam ...
enfim coisas da vida
quinta-feira, maio 12, 2005
Pressão para PS mudar lei do aborto depois do referendo "ter abortado"
quarta-feira, maio 11, 2005
PCP abstém-se em estudo do aborto
E a saga continua. Agora esperemos que essa tal equipa de trabalho, consiga na realidade tirar a fotocópia da sociedade portuguesa relativamente a esta problemática e que de uma vez por todas não se escondam por detrás de pseudo-estatísticas que na sua maioria são forjadas.
Claro está que, os elementos que formarão a tal equipa em muito vai influênciar os resultados. Vamos esperar e ver.
Enfim coisas da vida ...
terça-feira, maio 10, 2005
Deputados avançam hoje com estudo sobre o aborto
in http://dn.sapo.pt de 10.05.2005
segunda-feira, maio 09, 2005
António Costa também admite lei do aborto sem referendo
sexta-feira, maio 06, 2005
ABORTIVO
O PS insiste em apresentar um novo projecto de referendo em Setembro, sujeitando-se a uma polémica bizantina e caricata sobre o tempo de duração das sessões legislativas. Mas quando se chega a este ponto, em que a árvore do formalismo especioso das controvérsias constitucionais oculta a floresta das questões políticas e sociais (como é o caso do aborto), só podemos chegar mesmo a outras soluções abortivas.
Vicente Jorge Silva - www.dn.pt de 06.05.05
Coelho é um brincalhão
João Miguel Tavares - in Jornal www.dn.pt de 06.05.05
terça-feira, abril 05, 2005
Editorial do Jornal Expresso do dia 1 de Abril de 2005
A TERRÍVEL batalha jurídica que se desenrolou nos Estados Unidos, com os tribunais a legislarem sobre o corte ou não corte do fio que ligava uma mulher à vida, e a luta que decorre em Portugal a propósito da marcação da data do referendo do aborto, trouxeram de novo à actualidade o debate sobre a vida humana.
A questão coloca-se de forma muito simples: uns defendem que não é legítimo intervir sobre a vida de um ser humano, desde o momento da concepção até ao momento da morte, outros consideram que essa intervenção é legítima.
Os primeiros condenam, por exemplo, o aborto e a eutanásia.
Os segundos aceitam-nos.
O EXPRESSO, não sendo um jornal confessional, como é sabido, tem-se mantido intransigentemente contrário à manipulação da vida.
Para nós, é necessário que haja uma linha clara, nítida, que separe a vida da morte - e que na transposição dessa linha não exista intervenção de ninguém.
Ora os que defendem a eutanásia e o aborto estão a admitir que a linha que protege a vida não é nítida, que o início da vida e o momento da morte são discutíveis, que um ser com menos de 12 semanas não pode ser considerado um ser humano e que um homem ainda vivo pode já «merecer» estar morto - sendo admissível, por isso, o golpe de misericórdia.
ESTA aceitação da ideia de que à volta da vida não deve haver uma linha inviolável mas uma nebulosa, e que são legítimas as intervenções nessa zona no sentido de interromper a vida ou apressar a morte, é um passo terrivelmente perigoso.
Porque, além da eutanásia e do aborto, abre o campo a outras enormidades como a pena de morte.
Ou a pensamentos ainda mais tenebrosos como este: se uma pessoa deixou de trabalhar e de ser produtiva, se se tornou um estorvo para os seus familiares, porquê mantê-la viva?
Se a eutanásia é permitida, por que não alargar esse conceito aos velhos que só representam encargos para a sociedade e um peso insuportável para os parentes?
ACEITAR a manipulação da vida é um risco tremendo.
Aqueles que, por razões ideológicas ou porque consideram que isso é «moderno», defendem «causas» como a eutanásia e o aborto, deveriam pensar um pouco mais a fundo até onde isso nos poderá levar.
Não poderia concordar mais com este pequeno, grande texto. Para onde é que nós caminhamos sociedade?
Enfim, coisas da vida ... "não tenhais medo, abri as portas a Cristo" (JPII)
quarta-feira, março 23, 2005
Amanhã, poderá ser tarde demais
"Olá, Já vai para 15 anos que estou aqui na Volvo, uma empresa sueca.Trabalhar com eles é uma convivência, no mínimo, interessante. Aqui,qualquer projecto demora 2 anos a concretizar-se, mesmo que a idéia sejabrilhante e simples. É regra.Então, nos processos globais, nós (portugueses, brasileiros, americanos,australianos, asiáticos, etc) ficamos aflitos para obter resultadosimediatos, numa ansiedade generalizada. Porém, o nosso sentido de urgêncianão surte qualquer efeito neste país. Os suecos discutem, discutem, fazem"n" reuniões e ponderações. E trabalham num esquema bem mais "slow down".O pior é constatar que, no fim, acaba por dar tudo certo no tempo deles,coma maturidade da tecnologia e da necessidade; aqui, muito pouco se perde.
É assim:1. O país é cerca de 3 vezes maior que Portugal;2. O país tem 2 milhões de habitantes;3. A sua maior cidade, Estocolmo, tem 500.000 habitantes (Lisboa,que tem 1 milhão);4. Empresas de capital sueco: Volvo, Scania, Ericsson, Electrolux,ABB, Nokia,...5. Para ter uma idéia, a Volvo fabrica os motores propulsores paraos foguetes da NASA.
Digo a todos estes nossos grupos globais de trabalhadores: os suecospodem estar errados, mas são eles que pagam nossos salários. Entretanto,vale salientar que não conheço um povo, como povo mesmo, que tenha maiscultura coletiva do que eles. Vou contar-vos uma breve história, só paravos dar uma noção...
A primeira vez que fui para lá, em 1990, um dos colegas suecosapanhava-me no hotel todas as manhãs. Era Setembro, frio, e a neve estavapresente. Chegávamos bem cedo à Volvo e ele estacionava o carro longe daporta de entrada (são 2.000 funcionários de carro). No primeiro dia nãodisse nada, no segundo, no terceiro... Depois, com um pouco mais deintimidade, uma manhã perguntei-lhe:
- Você tem lugar marcado para estacionar aqui? Chegamos sempre cedo,o estacionamento está vazio e você deixa o carro à ponta do parque.
Ele respondeu-me, simples, assim:
- É que, como chegamos cedo, temos tempo de andar. Quem chegar maistarde já vem atrasado, precisa mais de ficar perto da porta. Você nãoacha?
Nesse dia, percebi a filosofia sueca de cidadania! Serviu também pararever os meus conceitos. SLOW vs FAST.Há um grande movimento na Europa hoje, chamado SLOW FOOD. A Slow FoodInternational Association - cujo símbolo é um caracol, tem a sua sede emItália (o site, é muito interessante. Veja-o). O que o movimento SLOW FOODprega, é que as pessoas devem comer e beber devagar, saboreando osalimentos, "curtindo" a sua confecção, no convívio com a família, com osamigos, sem pressas e com qualidade. A idéia é a de se contrapor aoespírito do FAST FOOD e tudo o que ele representa como estilo de vida, emque o americano "endeusificou".A surpresa, porém, é que esse movimento SLOW FOOD serve de base a ummovimento mais amplo chamado SLOW EUROPE, como salientou a revistaBusiness Week na sua última edição europeia. A base de tudo, está noquestionar da"pressa" e da "loucura" gerada pela globalização, pelo apelo à "quantidadedo ter" em contraponto à qualidade de vida ou à "qualidade do ser".
Segundo a Business Week, os trabalhadores franceses, embora trabalhemmenos horas, (35 h / semana) são mais produtivos que os seus colegasamericanos ou ingleses. E os alemães, que em muitas empresas instituíram asemana de 28,8 horas de trabalho, viram a sua produtividade crescer nadamenos que 20%.
Esta chamada "slow atitude" está a chamar a atenção, até dos americanos,apologistas do "Fast" (rápido) e do "Do it now" (faça já).Portanto, esta "atitude sem-pressa" não significa, nem fazer menos, nemmenor produtividade. Significa, sim, fazer as coisas e trabalhar com mais"qualidade" e "produtividade" com maior perfeição, atenção aos pormenorese com menos "stress". Significa retomar os valores da família, dos amigos,do tempo livre, do lazer, das pequenas comunidades, do "local", presente ereal, em contraste com o "global" - indefinido e anónimo.Significa a retoma dos valores essenciais do ser humano, dos pequenosprazeres do quotidiano, da simplicidade de viver e conviver e até dareligião e da fé. Significa um ambiente de trabalho menos coercivo, maisalegre, mais "leve" e, portanto, mais produtivo onde os seres humanos,felizes, fazem com prazer, o que sabem fazer de melhor.
Gostaria de que vocês pensassem um pouco sobre isto. Será que os velhosditados "Devagar se vai ao longe" ou "A pressa é inimiga da perfeição" jánão merecem a nossa atenção, nestes tempos de loucura desenfreada?Será que as nossas empresas não deveriam também pensar em programassérios de "qualidade sem-pressa", até para aumentar a produtividade equalidade dos nossos produtos e serviços, sem a necessária perda da"qualidade doser"?No filme "Perfume de Mulher", há uma cena inesquecível. Um personagemcego, interpretado por Al Pacino, convida uma moça para dançar e elaresponde-lhe:- Não posso, porque o meu noivo deve chegar dentro de poucosminutos.- Mas, num momento, se vive uma vida. (responde ele, conduzindo-anum passo de tango). E esta pequena cena é, para mim, o momento maismarcante do filme.
Algumas pessoas correm atrás do tempo, mas parece que só o alcançamquando morrem enfartados, ou algo assim.Para outros, o tempo demora a passar; ficam ansiosos com o futuro eesquecem-se de viver o presente, que é o único tempo que existe.
TEMPO, toda a gente tem, por igual.Ninguém tem mais, nem menos, que 24 horas por dia.A diferença é O que cada um faz do seu tempo.Precisamos de saber aproveitar cada momento, porque, como disse JohnLennon,"A vida, é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro".
Parabéns por ter lido até o fim. Muitos não leram esta mensagem até aofim, porque não podem "perder" o seu tempo neste mundo globalizado.
Pense, e reflita até que ponto vale a pena deixar de "curtir" a suafamília, ou os seus amigos. Deixar de estar com a pessoa amada, ou passearna praia no fim de semana.
Amanhã, poderá ser tarde demais.
E assim vai a vida ...
quinta-feira, março 17, 2005
Uma questão de fé
além da fé nos seres humanos." - Pearl S. Buck
Encerrou recentemente o Congresso Portugal 2005: Que Crianças? Que Famílias, que ao longo de três dias reuniu no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, dezenas de especialistas nacionais e estrangeiros de diversas áreas da infância e adolescência. Desde já ficam de parabéns todos os promotores do evento, sendo impossível não destacar o papel do prof. dr. Mário Cordeiro, pediatra, professor universitário, que tanto tem dado a Portugal e às suas crianças. Mas, quando pensamos no Portugal de 2005, só resta perguntar: que mais necessitam as nossas crianças, adolescentes e suas famílias? Muitas respostas foram ouvidas ao longo deste congresso, mas, entre outras coisas, talvez disto:- melhor planeamento familiar, para evitar, entre outras coisas, a enorme taxa de gravidez adolescente e o uso do aborto e da pílula do dia seguinte como forma de contracepção. Ter a ideia de que não é possível pensar a sexualidade sem a respectiva integração emocional (a maior condicionante de todos os comportamentos).- mais suporte às grávidas de risco, sobretudo às mais jovens e de mais frágil condição social e familiar (as que estão sozinhas ou sem estrutura familiar de apoio) e as em situação de desestruturação psíquica.- um período de licença de parto mais alargado, como em muitos outros países mais evoluídos, quer para as mães, quer para os pais (porque são estes tão esquecidos?), e a possibilidade de usufruir de tempos parciais de trabalho por opção, durante determinado período de tempo.- maior apoio aos pais, em centros de saúde e escolas (por exemplo), porque educar não é tarefa fácil e ninguém nasce ensinado, e porque, mais do que serem recriminados, há muitos que necessitam é de ser ajudados.- cidades, bairros e habitações de escala mais humanas, em que a relação com a natureza seja uma constante e não uma raridade ou uma mera questão de luxo. A actual (des)organização ambiental constitui um sério ataque à saúde mental das populações e tem tudo a favor para produzir um impacto grave no bem-estar dos mais novos e suas famílias.- mais tempo de relação entre todos, porque não é possível haver tempo de qualidade sem que exista quantidade, isto é, interagir, amar, conhecer o outro não é coisa que se construa à custa de um espaço reduzido de minutos ao final de um dia, quando todos estão demasiado cansados para se sentirem com ânimo e alegria para dar e receber. - locais mais seguros e de melhor qualidade para deixar os filhos, com alargamento das redes de creches e de jardins de infância, e que estas existam em espaços condignos com pessoal minimamente habilitado para o fazer e sem que se excedam os limites toleráveis para um número de crianças face ao de adultos.- amor incondicional dos seus pais ou dos adultos que delas cuidem e, em caso de impossibilidade manifesta de capacidade dos mesmos, delimitação rápida de um projecto de vida alternativo, coerente, e sem estar sujeito a repetidas inconstâncias. - presença de ambos os pais, se possível de forma constante e regular e, quando tal não for possível por separação ou divórcio, que seja mantida a possibilidade de a criança ou adolescente ter livre acesso a ambos, sem que se vejam directamente envolvidos em conflitos que não são os seus.- boa delimitação de regras e de limites, de forma a que a criança e o adolescente possam integrar as diferenças de gerações e de papéis e lidar com situações eventualmente de frustração, não correndo assim o risco de se organizarem numa estrutura omnipotente, que nos dias de hoje se pode já considerar um problema sério de saúde pública.- em situações graves de negligência, abuso ou maus tratos, intervenção atempada dos tribunais, com recurso a pareceres de especialistas da área, para que a justiça não seja algo sistematicamente adiado ou sem conexão com as verdadeiras necessidades emocionais das crianças.- utilização de estruturas de apoio residencial e ou educativo apenas em casos extremos e durante o menor tempo possível; contudo, partindo do princípio que algumas instituições deste género serão sempre possíveis, que estas se organizem num modelo compreensivo/reparador e não comportamental/punitivo (a maioria das que actualmente existem deviam, simplesmente, fechar).- escolas que saibam integrar e desenvolver as plenas capacidades dos seus alunos e que estejam suficientemente atentas aos que aí apresentam dificuldades de aprendizagem e de comportamento, pois actualmente não existem recursos eficazes para lidar com todos aqueles que têm problemas na área emocional (e já são muitos).- uma cultura de não violência, que as deixe protegidas da exposição maciça a imagens de uma agressividade e de uma sexualidade (perversas); esta última deveria ser integrada na vivência dos afectos, isto é, na sua plena representação emocional, e não apenas agida num plano comportamental. - um pacto televisivo que exclua o telelixo de horários de maior vulnerabilidade para as crianças e para os adolescentes, uma vez que a influência cultural da televisão é, nos dias de hoje, uma das maiores na construção da personalidade dos mais novos.- um controlo da venda de tabaco e de bebidas alcoólicas aos mais novos, para que começar não seja fácil e, sobretudo, não seja oferecido sem nenhuma defesa existente.- a possibilidade da prática de um desporto, pelo menos enquanto durar a escolaridade obrigatória, ou seja, entre os 6 e os 16 ou 18 anos de idade, uma vez que o desenvolvimento e a integração psicomotora são fundamentais para o bem-estar individual e social.- incremento do ensino das artes, nas suas vertentes plástica, dramática e, mais que tudo, musical, isoladamente ou num conjunto de educação para a estética.- desenvolvimento de um maior conhecimento das verdadeiras necessidades psíquicas das crianças e dos adolescentes por todos aqueles que com eles trabalham ou convivem e que assim avaliam o seu bem-estar e de suas famílias, incluindo médicos, assistentes sociais, educadores, professores, juízes, entre muitos e muitos outros.- possibilidade de atendimento em saúde mental (crianças, adolescentes e famílias), se necessário.- que os temas da infância e da adolescência entrassem para a agenda política já e agora neste Portugal 2005, porque o que há para fazer é muito, e qualquer resultado que se deseje demorará três gerações a consolidar.Para que (e citando o juiz-conselheiro Armando Leandro, que realizou a conferência de abertura deste encontro) nascer hoje em Portugal não seja uma mera fatalidade, mas sim um enorme privilégio. Oxalá que sim, porque, por enquanto, nada passa de uma questão de fé.
Pedro Strecht - Pedopsiquiatra
in Jornal Publico de 17.03.2005
terça-feira, março 15, 2005
Para o meu Avô (a eterna saudade)
Eu sei que sabes o quanto te adoro e que foste um dos grandes marcos da minha ainda curta vida.
Pois bem fica então marcado o nosso reencontro quando Deus quiser que eu vá para ao pé de ti, para ao pé do nosso Pai, Jesus Cristo.
A eterna saudade
quarta-feira, fevereiro 16, 2005
A IGREJA É HOJE AINDA "ÉTICAMENTE HABITÁVEL"?
A IGREJA É HOJE AINDA "ÉTICAMENTE HABITÁVEL"?
Releitura de um texto de Alfons Auer, 10 anos depois
- Quando dizemos consciência, o que estamos a dizer?
- Temos espaço de diálogo no interior da Igreja a que pertencemos?
- Revemo-nos numa eclesiologia de comunhão; mas sentimo-nos mesmo “em casa”?
18 de Fevereiro de 2005 às 21h30
e
19 de Fevereiro de 2005 às 12h00
Auditório do Seminário de Santa Joana Princesa, Aveiro
Orador
Doutor José Manuel Pereira de Almeida, médico e padre
Doutorado em Teologia/Teologia Moral
Assistente de Anatomia Patológica do Instituto Português de Oncologia de Francisco Gentil, Lisboa
Membro de várias Comissões de Ética
Coordenador do Centro de Estudos de Filosofia da Medicina
Docente de disciplinas e Seminários na área da Ética no mestrado em Ciências da Educação da Faculdade de Ciências Humanas da UCP, Lisboa
Coordenador Científico do 1.º curso de Medicina da Universidade da Beira Interior, Covilhã
http:\\www.iscra.pt (Entrada Livre)
segunda-feira, fevereiro 14, 2005
Hoje é dia dos namorados
Eu sei que vou te amar,
Eu sei que vou sofrer
Morreu a protagonista das aparições de Fátima
Sinceramente quando ontem soube da notícia, não fiquei triste, se calhar a figura e a pessoa da irmã Lúcia, como afirmaram os nossos bispos, por ser tão serena, tão discreta, pelo menos a mim passava-me ao lado. Mas à noite, quando me estava para deitar e fazia o meu habitual "zapping" pelos canais da TV, fiquei a vêr o breve documentário que a RTP, tinha preparado e posteriormente a TVI também fez um programa especial em que estava o cónego António Rego e um primo da falecida carmelita. Só então é que me detive nos meus pensamentos para verificar a importância da irmã Lúcia para a mensagem de Fátima, e que realmente, foi uma figura deveras sublime e que tem colocado as suas ideias em papel, nomeadamente em cartas e livros.
O certo é que as minhas breves orações da noite de ontem, tiveram como grande "personagem" a irmã Lúcia, eu até que nem sou muito ligado à questão de Fátima (sou até de certo modo reticente)!
Só hoje de manhã é que notei que ontem tinha rezado pela irmã Lúcia.
Obrigado á irmã Lúcia, pelo seu exemplo de vivência de fé e de comunhão com a Igreja.
Paz à sua alma.
Enfim, coisas da vida ...
quarta-feira, fevereiro 09, 2005
Começa hoje a quaresma
Hoje Quarta-feira de cinzas, pode até parecer que Jesus nos convida a entrarmos nas modas passageiras, nas aparências superfíciais, mas não. O perfume com que ungirmos as nossas cabeças nesta Quaresma há de ser resultado directo do supérfluo de que nos formos conseguindo libertar.
Pois é caríssimos, começa hoje a quaresma, este tempo especial e muito rico para os católicos. Pessoalmente, considero ser um tempo muito importante e de reflexão (introspecção) interior. Serve para me rever o que ando a fazer, o que não ando a fazer e que deveria fazer.
"Creio que aquele perfume com que Cristo nos aconselha a perfumar a cabeça durante a época do jejum é o desafio para não nos fechemos em nós mesmos e que, da nossa vida se solte uma alegria capaz de contagiar os outros" (*)
Sinceramente, acho que não deverá ser um tempo de trevas / tristeza, mas sim o de uma alegria contagiante, de espera, que chegue o Salvador, a Páscoa viva entre nós.
Vamos de uma vez por todas dar a devida importância a este tempo e nas nossas casas criar um espaço especial para este período.
Enfim coisas da vida ...
segunda-feira, fevereiro 07, 2005
Existe ainda a família?
Por EDUARDO PRADO COELHO - Quinta-feira, 03 de Fevereiro de 2005
Por motivos complexos, que a sociologia e a psicanálise poderão ajudar a esclarecer, as famílias estão hoje em mutação acelerada - embora as transformações variem conforme os países e as suas tradições.
Um número recente (mais precisamente, o 132, de Novembro-Dezembro) da revista "Le Débat" intitula-se "L'enfant-problème" e procura pensar a redefinição das idades da vida (para utilizarmos a formulação de Marcel Gauchet, director da publicação). Analisa-se o que foi a emergência dos movimentos dos jovens e o seu actual declínio, a possibilidade ou impossibilidade de existir um processo educativo sem participação da família (será que a escola se encarrrega de tudo?), ou ainda a relação extremamente multifacetada da criança com os "media".
Um artigo merece-nos particular atenção: o de Dany-Robert Dufour sobre "Televisão, socialização, subjectivação". A questão é que o modo de produção de sujeitos altera-se profundamente. E em termos que muitas vezes temos dificuldade em compreender.
Existe ainda a família?, pergunta Dufour. Em larga medida, somos levados a dizer que não, se considerarmos a família como um casal estabilizado, com horas regulares de refeições, comportamentos ritualizados, avós, tios, primos e primas, e velhas empregadas que recolhem em silêncio os conflitos, os dramas, as alegrias e os afectos. Mas, ao mesmo tempo, a família dura mais: por vezes, assistimos à sobreposição de quatro gerações. Por outro lado, há famílias que se reduzem a um pai (sobretudo, a uma mãe) e um filho. Na medida em que as relações de conjugalidade se desarticulam, temos um processo triplo que Dufour enuncia nestes termos: indivualização, privativação, pluralização da família. Com formas inesperadas de tolerância e mesmo de cumplicidade sexual, tanto dos pais em relação aos filhos, como dos filhos em relação aos pais.
Assiste-se àquilo que se pode designar como uma desinstitucionalização da família: por um lado, quebra das relações de autoridade e desaparecimento dos conflitos geracionais; por outro lado, aumento das relações de igualdade - de certo modo, todos somos irmãos.
Donde, estamos perante "o fim da organização hierarquizada do espaço-tempo familiar". E, ao mesmo tempo, a família perde o seu valor simbólico e passa a ser "um agrupamento funcional de interesses económico-afectivos".
É aqui que entra em cena a televisão. Segundo as estatísticas, de um terço a dois terços das crianças (incluindo crianças até aos três anos) têm uma televisão pessoal no seu quarto. Daí a tese central do artigo de Dufour: "A televisão muda de facto os contornos da família, enfraquecendo o papel já reduzido da família real e criando uma espécie de família virtual que se vem juntar à precedente".
Depois da leitura atenta deste artigo publicado pelo Sr. Prof. Eduardo Prado Coelho, fiquei deveras assustado com a família da actualidade. Após uma extensa reflexão de minha parte, de certa maneira não posso deixar de concordar com a grande maioria do que acima é escrito, e principalmente com os destaques que efectuei do texto. Na realidade a família nos moldes que a conhecemos está a sofrer uma autêntica mutação e se calhar devido aos media (o que muitos confundem somente com a televisão), se está a tornar num novo modelo em que por vezes só são partilhados quase "interesses económico-afectivos".
No entanto, eu não sou daqueles que culpam os meios de comunicação, por tudo e por nada. Quem faz (escreve, publica, grava, emite, etc.) tudo o que os meios de comunicação são?
Não serão pessoas? Pais e mães de família? Avós, tios, filhos ?
Consequentemente temos então um problema, as pessoas que fazem os media, não têm consciência colectiva e fazem tudo o que for necessário para ter sharing, somente a olhar para o lucro? Se calhar na sua grande maioria até é verdade, o que nos transporta para outro problema que é o de atacar as pessoas que fazem os media, e não tão somente, atacar a(s) instituição(ões). Como eu não gosto que se "ataque" a Igreja por tudo e por nada, porque se todos somos Igreja, então também nós teremos algum motivo para sermos atacados, não é verdade?
Seremos então nós também responsáveis pelos media? penso que sim, todos nós temos responsabilidades no que consumimos, no que vemos, no que "digerimos", portanto como costumo afirmar que só se vende aquilo que as pessoas consomem.
Família, olha para ti mesmo e revoluciona-te, revigora-te
Enfim coisas da vida !!!
Voltei
Espero sinceramente conseguir escrever aqui, pelo menos 2 vezes por semana.
Enfim coisas da vida !!!
segunda-feira, janeiro 10, 2005
Pensamento do dia
"Deixemos a visão da beleza das coisas para serem contempladas por aqueles que a podem ver, graças ao auxílio de Deus. Quanto àqueles que são incapazes de a ver, não tentemos levá-los a contemplar o inefável mistério, por palavras" - (De "O Livre-Arbítrio" de Santo Agostinho) Queria partilhar com todos esta pequena (grande) frase do livro de Santo Agostinho, que simplesmente me deixou a pensar durante um bom par de minutos. Será que nós os Cristãos já percebemos que se calhar esta coisa da evangelização, não passa somente por palavras? E os nossos actos onde é que estão?Um bom ano de 2005 para todos! |